Manifestantes enfrentam bloqueios

Até membros do MST tentam chegar à fronteira para receber Zelaya

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Por Redação
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Cerca de 500 partidários do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, preparavam-se ontem de manhã para desafiar o governo de facto de Roberto Micheletti e viajar de Tegucigalpa até a fronteira para saudar a volta do líder. Com a proibição do trânsito de ônibus pela Carretera Oriental, que leva à fronteira com a Nicarágua, eles abordavam caminhonetes no trevo de Danlí, a aproximadamente 10 km do centro de Honduras, e se dispunham a caminhar vários quilômetros para romper os bloqueios policiais. "Vamos buscar nosso presidente constitucional e instalá-lo de novo na Casa de Governo", disse ao Estado um dos líderes do sindicato dos professores, Pablo Navarro. "Goriletti (como os partidários de Zelaya qualificam Micheletti) terá de massacrar a todos nós se quiser nos impedir." A poucos metros dele, com uma bandeira do Movimento dos Sem-Terra (MST), do Brasil, o pernambucano Alexandre também aguardava o transporte até a fronteira. Disse ter chegado ao país na segunda-feira com um colega, para representar o MST nos protestos contra o golpe. "O povo, mobilizado, vai mudar esse quadro", disse. Quase todos os manifestantes vestiam camisetas vermelhas e gritavam palavras de ordem de apoio a Zelaya. "Se somos um grupo tão pequeno assim, por que o governo de facto tem tanto medo de nós?", perguntava Lidia Sánchez, que se identificou como líder da frente de esquerda Movimento Contra o Golpe (MCG), que agrupa, desde o dia 28, ativistas de movimentos sociais, sindicalistas e estudantes secundaristas. "Por que tantos bloqueios de estradas? Por que o toque de recolher? Se estamos numa democracia não temos o direito de ir e vir e de nos manifestar?" A aglomeração no ponto de parada causava uma certa tensão nos estabelecimentos vizinhos. Um supermercado reforçou a segurança para impedir a invasão de seu estacionamento. Mas os dirigentes da manifestação asseguravam que a intenção era a de realizar um protesto pacífico. "Desde o golpe de Estado, os golpistas têm se esforçado para que sejamos tratados como uma turba de violentos, mas quem sempre tem buscado a violência são eles", afirmou outro líder do MCG, Álvaro Mejía. Indagado sobre se havia muitos estrangeiros no grupo, Mejía mostrou-se irritado: "Pode haver alguns poucos companheiros de outros países que se solidarizam com nossa causa, mas é preciso ficar claro que essa é uma luta dos hondurenhos."

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