
28 de julho de 2012 | 03h01
Centenas de sírios participaram ontem, dia sagrado muçulmano, de uma manifestação pela renúncia do presidente Bashar Assad no centro de Alepo. A passeata iniciou-se após as orações do meio-dia, na mesquita de Nur al-Shuhada (A Luz dos Mártires, em tradução livre) e se prolongou por quase duas horas. "Vamos conquistar a liberdade, Bashar, nem que seja pela força", gritavam os manifestantes, enquanto helicópteros sobrevoavam a cidade.
Os habitantes de Alepo ignoraram o risco de aparecer em público às vésperas de uma esperada batalha, considerada decisiva, em um momento em que a metrópole está parcialmente ocupada pelas tropas leais ao regime.
A manifestação era planejada havia vários dias. Adultos, jovens e até crianças partiram da mesquita, situada em uma região sob o controle dos insurgentes e em cuja entrada se lia: "A vitória está vindo pela revolução esperada". Gritando "queremos liberdade", os sírios seguiram em uma pequena passeata pelas ruas da cidade, até se concentrarem em um cruzamento.
Durante todo o tempo, homens armados com fuzis AK-47 pretendiam garantir a segurança dos manifestantes. Todos sabiam, porém, que eram vigiados de perto pelos shabiha, milicianos a serviço do regime que espionam, capturam e matam o opositores, e pelos helicópteros militares. "Acreditamos em Deus e não temos medo de helicópteros", afirmou um homem que se identificou como Abu Ahmed.
A passeata também atraiu homens de negócios cansados do impasse político e do conflito em que o país mergulhou há 17 meses. O presidente da Câmara de Comércio de Alepo, Mustafa Halib al-Chaba, disse não se importar com os efeitos da revolta sobre a economia. Ele disse ter doado a maior parte de seus bens para os comandos rebeldes. "Quando vi que o regime estava massacrando o povo com armas pesadas, de guerra, me juntei à revolução", conta.
Um empresário que se identificou como Abu Hassan, disse que demitiu todos os funcionários e fechou seu estabelecimento, especializado em decoração. "A economia está parada. Não há mais nada que possamos fazer, porque o Exército tomou todos os nossos produtos." / A.N.
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