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Manifestantes jogam próprio sangue na casa de premiê na Tailândia

Protestos contra o governo entram em seu quarto dia, nesta quarta-feira.

Por BBC Brasil
Atualização:

Manifestantes de oposição derramaram sangue na frente da residência do primeiro-ministro da Tailândia, Abhisit Vejjajiva, nesta quarta-feira, o quarto dia de protestos pedindo a sua renúncia. Os ativistas da Frente Unida pela Democracia contra a Ditadura (UDD, na sigla em tailandês), também conhecidos como "camisas-vermelhas", já haviam jogado sangue diante da sede do governo tailandês e no escritório do Partido Democrata na terça-feira. O premiê Vejjajiva e sua família não estavam na residência no momento em que o sangue foi jogado pelos manifestantes, pouco antes do meio-dia (hora local, 2h em Brasília). Apesar da forte chuva, alguns manifestantes conseguiram ultrapassar as barreiras policiais e, além de derramar sangue, jogaram sacolas com líquidos e objetos por cima do muro da residência. Após o protesto, os manifestantes disseram que marchariam até a embaixada dos Estados Unidos, em resposta a rumores de que a inteligência americana teria alertado o governo tailandês que os "camisas-vermelhas" teriam planejado atos de violência contra o país. Protestos pacíficos Os protestos começaram no domingo, quando milhares de manifestantes acamparam em frente ao quartel militar em que acreditavam que o primeiro-ministro estaria abrigado. Os organizadores dos protestos queriam reunir 100 mil pessoas e chegaram próximo a esse objetivo, mas os participantes começam a se dispersar com o passar dos dias. Grande parte dos manifestantes é de agricultores trazidos pela UDD à capital. Muitos já não tem mais recursos para permanecer em Bangcoc, por isso começaram a retornar ao interior. Segundo estimativa dada pelo vice-premiê, Suthep Thaugsuban, ao jornal The Nation, apenas 15 mil manifestantes ainda estariam na capital. Avaliações independentes, porém, sugerem pelo menos o quádruplo disso está nas ruas. O governo mobilizou 40 mil soldados para conter as manifestações e até o momento não houve confrontos entre as partes. Um dos líderes dos camisas-vermelhas, Veera Musikapong, disse à imprensa estrangeira que os próximos passos não estão planejados e que o rumo dos protestos vem sendo decidido a cada dia. Sem a presença de Thaksin no país, não está claro quem seria um possível interlocutor por parte dos manifestantes caso o governo acenasse com a possibilidade de negociar um acordo para por fim aos protestos. Instabilidade A situação política na Tailândia é instável há quatro anos. Em 2006 manifestantes de camisas amarelas, contrários a Thaksin, exigiram a renúncia do primeiro-ministro sob a acusação de corrupção. Thaksin acabou deposto em golpe de Estado no mesmo ano, mas demonstrou ainda ter força política em 2008, quando aliados dele voltaram ao poder e ocuparam o gabinete do primeiro-ministro por três meses. Na ocasião, confrontos entre apoiadores e opositores de Thaksin resultaram na ocupação e fechamento dos dois principais aeroportos de Bangcoc por uma semana. Hoje em dia, Thaksin vive exilado, viajando pelo exterior, mas passando grande parte do tempo em Dubai. Ele foi condenado à revelia a dois anos de prisão por abuso de poder. Há pouco mais de uma semana ele perdeu US$1,4 bilhão da sua fortuna pessoal de US$2,3 bilhões após a Justiça tailandesa concluir que esse dinheiro teve origem ilegal. Os seus simpatizantes afirmam que o julgamento foi político. Antes de se tornar primeiro-ministro, Thaksin já era muito rico e possuía, entre outros negócios, a companhia de telecomunicações Shin Corp. A empresa foi vendida ao fundo soberano Tamasek, de Cingapura, em janeiro de 2006, numa operação controversa que acabou desencadeando os protestos que resultaram na queda dele. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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