Manifestantes marcham por Caracas no terceiro dia de greve geral

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Por Agencia Estado
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Milhares de venezuelanos marcharam para demonstrar ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), César Gaviria, sua firme disposição de exigir a renúncia do presidente Hugo Chávez ou obter uma saída eleitoral que evite um desenlace violento para a crise venezuelana. Portando bandeiras e acompanhados pelo barulho de apitos e caçarolas, os manifestantes desfilaram pelas ruas gritando "Vá embora, deixe-nos em paz", "Eleições já!" e "OEA, venha para ver o que acontece na Venezuela". A oposição, decidida a forçar Chávez a enfrentar uma consulta eleitoral, realizou uma grande marcha até diante de um hotel da capital em que Gaviria instalou seu escritório para entregar-lhe um documento, no qual solicitam uma resposta imediata sobre a saída eleitoral. Gaviria rompeu com o protocolo e se aproximou das portas do hotel sob forte ovação após receber o documento das mãos de líderes opositores. "No documento, além de fazermos um pormenorizado informe da grave situação vivida pelo país, uma vez mais quisemos reiterar-lhe nossa confiança em seu trabalho", disse Antonio Ledezma, porta-voz da Coordeandoria Democrática, aliança que reúne empresários, sindicatos e partidos da oposição. Gaviria, que desde 6 de novembro age como mediador do diálogo entre as duas partes, vem mantendo reuniões desde as primeiras horas da manhã. Embora as discussões formais tenham sido suspensas desde o início da greve na segunda-feira, Gaviria conseguiu nesta quarta-feira que um pequeno grupo de negociadores da oposição e do governo retornassem à mesa de diálogo. Os principais porta-vozes do governo haviam dito que não se reuniriam com a oposição até que a greve terminasse. Os negociadores opositores se mantêm inflexíveis e não aceitam a proposta do mandatário de convocar um referendo em que possa ser decidido seu afastamento do poder em agosto de 2003, quando se completa a metade de seu mandato de seis anos. Greve A oposição decidiu prolongar a greve em razão de o governo insistir em desconsiderar a vontade de dois milhões de venezuelanos que subscreveram um abaixo-assinado e o apresentaram perante o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para pressionar em favor da consulta popular já. Para a oposição, nunca houve garantias de que o referendo vá se realizar, daí a razão do protesto como única forma de forçar o mandatário. A consulta popular, que não seria vinculante - ou seja, não obriga Chávez a renunciar, seja qual for o resultado do referendo -, foi solicitada em 4 de novembro. A greve parecia esta manhã estar chegando ao fim, apesar do que diziam seus organizadores, com a maioria das lojas abertas e os jornais voltando a circular após uma pausa de dois dias. Milhares de policiais patrulhavam várias ruas da cidade para garantir a ordem e evitar possíveis confrontos de rua entre os membros de grupos opositores e simpatizantes do governo. A paralisação foi marcada até agora por confrontos entre opositores e agentes da Guarda Nacional na capital e em outras cidades do país. Chávez minimizou a greve, assegurando que ela "fracassou", e acusou a oposição de tentar repetir o "modelo golpista" de abril, quando uma medida similar acabou na saída temporária do mandatário, com 19 pessoas mortas e 300 feridas.

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