Manifestantes prometem manter protestos em Oaxaca

Apesar das manifestações desta segunda-feria, o presidente mexicano, Vicente Fox, garantiu que a cidade recuperou a "paz social e a tranqüilidade"

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Por Agencia Estado
Atualização:

Milhares de pessoas representando a Assembléia Popular do Povo de Oaxaca (APPO) e os professores grevistas da cidade chegaram nesta segunda-feira ao centro de Oaxaca, capital do Estado mexicano de mesmo nome. Os manifestantes prometeram manter as mobilizações pacíficas até a renúncia do governador Ulises Ruiz. Também nesta segunda-feira, o porta-voz da Câmara dos Deputados mexicana anunciou que os legisladores pediam, "por maioria", o afastamento ou a renúncia de Ruiz. O conflito em Oaxaca já dura cinco meses e começou com um protesto de professores que exigiam aumento de salários. Após uma tentativa frustrada da polícia de retirar os professores do centro da cidade, em junho, foi criada a APPO, entidade que reúne diversas organizações sociais, cuja principal bandeira é a saída de Ruiz - acusado, entre outras coisas, de desvio de dinheiro. Nesta segunda-feira, o presidente mexicano, Vicente Fox, garantiu que a cidade recuperou a "paz social e a tranqüilidade", apesar da manifestação. Domingo, Fox enviou a polícia federal para retirar os manifestantes do centro histórico da cidade. No dia anterior, conflitos haviam deixado quatro mortos. Ainda assim, o porta-voz da presidência, Rubén Aguilar, admitiu que o conflito em Oaxaca "é um dos problemas mais difíceis e complicados" enfrentados pelo governo do presidente Vicente Fox. Ele negou a versão difundida pela APPO segundo a qual duas pessoas perderam a vida durante a operação policial. "Absolutamente falso", afirmou. Segundo ele, os casos de mortes do domingo foram os seguinte: um jovem morreu na explosão de um petardo que ele mesmo manipulava; e um homem - ao que parece, um professor - foi morto a punhaladas fora da zona da operação policial. Apesar das palavras de Fox, a intervenção policial em Oaxaca gerou críticas de analistas mexicanos. Segundo o analista do Centro de Pesquisa e Docência Econômicas, José Antonio Crespo, o governo apenas autorizou a entrada de policias federais na cidade após a morte de um cidadão americano. "Não é possível que depois de várias mortes em Oaxaca fosse preciso esperar o que ocorreu na sexta-feira (a morte do americano) para que a operação policial recebesse autorização", afirmou ele. "O governo mexicano só é sensível à pressão internacional". Antes da morte do jornalista americano Bradley Roland Will, pelo menos cinco pessoas haviam morrido no conflito em Oaxaca e diversos setores haviam exigido, sem êxito, uma intervenção da força pública federal. Paralelamente, parte das 12 mil escolas do Estado pobre localizado no sul do país retomaram as aulas nesta segunda-feira, cumprindo um acordo do sindicato dos professores com o governo federal. Não foi divulgada, porém, a porcentagem de docentes que voltaram às salas de aula. M

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