08 de dezembro de 2010 | 14h00
Protestos tomaram conta da capital haitiana desde a noite da terça.
PORTO PRÍNCIPE - A sede de campanha do partido governante no Haiti, o Unidade, foi incendiada por partidários enfurecidos de candidatos à presidência do Haiti que não foram para o segundo turno. Eles provocaram incêndios e levantaram barricadas nas ruas da capital do país depois que as autoridades anunciaram que o candidato do governo, Jude Celestin e a ex-primeira-dama Mirlande Manigat participarão da fase final do pleito.
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Os resultados, anunciados na noite de quarta, foram prontamente questionados em território haitiano e no exterior, ameaçando provocar agitação num país atingido por uma epidemia de cólera e que ainda se recupera do devastador terremoto de 12 de janeiro deste ano.
Manigat, de 70 anos, obteve 31% dos votos, contra 22% para Celestin, no primeiro turno da eleição, realizado no dia 28 de novembro, disse um funcionário eleitoral. Como nenhum candidato obteve 50% dos votos, haverá segundo turno no dia 16 de janeiro para definir o sucessor do presidente René Préval. Mas a eleição pode ainda não estar decidida. Os resultados preliminares colocam o popular cantor Michel "Sweet Micky" Martelly atrás de Celestin por aproximadamente 6.800 votos, menos de 1%.
O chefe da missão conjunta da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Comunidade do Caribe disse que as autoridades analisariam a possibilidade de incluir um terceiro candidato no segundo turno se a votação terminasse quase empatada. Um grande número de haitianos denunciou fraudes na eleição a favor de Celestin, e a divulgação dos resultados pode desencadear a volta dos protestos violentos no país.
Partidários de Martelly montaram barricadas com fogo perto do restaurante Petionville, onde os resultados foram anunciados, e atiraram pedras em pessoas que passavam pelo local. Tiros foram ouvidos e um jornalista da Associated Press foi roubado. "Se não permitirem a participação de Martelly e Manigat (no segundo turno), o Haiti será incendiado", disse o manifestante Erick Jean. "Continuamos a viver em barracas e Celestin joga dinheiro fora com pôsteres eleitorais", acrescentou. As informações são da Associated Press.
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