GAINESVILLE, EUA - Manifestantes tentaram impedir com gritos e cartazes o discurso do supremacista branco Richard Spencer na Universidade da Flórida, em meio a temores da escola e do governo do Estado de que o evento poderia acabar em protestos violentos.
+ Os charlatões e Charlottesville
Na primeira visita do líder ultranacionalista a uma universidade americana desde o comício de Charlottesville, na Virgínia – que reuniu neonazistas, racistas e membros da chamada “alt-right” e acabou em violência – manifestantes levaram cartazes pedindo que ele fosse embora, com gritos de “Não queremos seu ódio nazista” e “Fora daqui, escória nazista”.
Spencer discursou no meio da tarde e adotou um tom combativo. “Não sairei daqui. Ficarei aqui o dia todo se precisar”, disse. Apesar disso, ele demonstrou irritação ao ser calado pelos gritos da multidão toda vez que tentava discursar.
Na segunda-feira, o governador da Flórida, Rick Scott, declarou estado de emergência no condado que abriga a universidade para permitir que forças policiais fizessem a segurança do local de maneira efetiva. A Guarda Nacional também foi colocada em alerta. “Acredito que a ameaça de segurança é eminente”, disse o governador.
O evento colocou a escola em um debate sobre o quais os limites da liberdade de expressão. Spencer defende um “despertar branco” e a instalação de um “Estado étnico” nos Estados Unidos.
O presidente da Universidade da Flórida, Kent Fuchs, criticou a plataforma supremacista de Spencer, que chamou de nojenta, mas disse que a escola não poderia impedi-lo de discursar e era obrigada por lei a manter o evento. Ele não foi convidado a falar no local. “Estou ao lado de quem condena a mensagem vil de Spencer”, disse Fuchs.
O número de manifestantes contrários ao discurso era bem maior que o de defensores do supremacista branco. Quando Spencer questionou quem era partidário da alt-right – que reúne além de supremacistas brancos, neonazistas e antissemitas 15 homens brancos de camiseta branca e calça levantaram as mãos. / AP