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Manifestos em frente à embaixada dos EUA no Líbano

Por Agencia Estado
Atualização:

Libaneses e palestinos rasgaram uma bandeira dos Estados Unidos e confrontaram forças de segurança na frente do fortificado complexo da embaixada norte-americana em Beirute, num dos muitos protestos contra Israel e um EUA acusados em todo o mundo árabe de apoiar cegamente as ações israelenses. Cerca de 25 pessoas, incluindo nove integrantes das forças de segurança, ficaram levemente feridos num confronto envolvendo 5.000 pessoas, na maioria estudantes, no lado de fora da embaixada dos EUA. Os feridos foram atingidos por pedras ou sufocados com gás lacrimogêneo, segundo a polícia. A cena foi uma repetição do que se tornou um ritual diário desde sexta-feira, quando Israel começou a invadir cidades palestinas em sua guerra própria contra o terrorismo e confinou o líder palestino Yasser Arafat em poucas salas de seu QG na Cisjordânia. Árabes comuns têm expressado sua ira contra Israel e os Estados Unidos, e exigem que seus governos assumam ações duras. Na quarta-feira, manifestantes saíram às ruas nas capitais do Oriente Médio de Beirute, Bagdá, Teerã, Doha, Cairo e Amã. Na Arábia Saudita, onde as manifestações são proibidas, houve rumores sobre protestos em favor dos palestinos. Testemunhas contaram à Associated Press que a polícia saudita cercou um grupo de aproximadamente 300 manifestantes na província nortista de Jof após um confronto ocorrido ontem com 3.000 sauditas que queimaram bandeiras dos Estados Unidos e de Israel numa passeata em prol dos palestinos. Os manifestantes atiraram pedras na polícia e nas forças de segurança que chegaram para dispersá-los, relataram testemunhas sob condição de anonimato. Um protesto pró-palestinos menor ocorreu brevemente em Riad, capital do país, na noite de ontem, mas foi dispersado após a chegada das forças de segurança, disseram testemunhas. Hoje, a televisão oficial saudita leu uma declaração do ministro de Interior, príncipe Nayef, condenando o incidente em Jof, sem mencionar exatamente sobre o que se tratava. De acordo com Nayef, tudo ocorreu por causa de 150 jovens "tomados pelo fervor sobre o que está acontecendo" nos territórios palestinos. "Tal comportamento é inaceitável e não será permitido que se repita", avisou. No Egito, o primeiro país árabe a assinar um tratado de paz com Israel em 1979, mais de 2.000 estudantes promoveram um protesto no campus da Universidade do Cairo. "Sharon, você é um baixo, o sangue dos muçulmanos não será derramado em vão", gritavam os estudantes. Mais de mil estudantes passaram para a rua, mas a polícia impediu que eles chegassem à Embaixada israelense. Em outros campi egípcios também houve protestos, mas não foram registrados incidentes. "A única solução é a guerra", disse Ahmed Assem, 19 anos, um universitário. "O mínimo que (o presidente egípcio Hosni) Mubarak deve fazer é expulsar o embaixador israelense". Muitos manifestantes exigem que o Egito e a Jordânia rompam relações com Israel. Hoje, o ministro da Informação egípcio, Safwat el-Sherif, anunciou que o governo estava suspendendo seus contatos com Israel, exceto aqueles que "sirvam à causa palestina". A iniciativa ficou longe do rompimento de relações, e parece ser no geral simbólica já que Israel e Egito vinham tendo uma paz fria com pouco mais do que contatos políticos usado para tentar desarmar crises entre árabes e judeus. O primeiro-ministro libanês, Rafik Hariri, disse numa sessão especial do Parlamento de apoio aos palestinos que o público árabe sente "absoluta amargura e insulto" como resultado dos ataques israelenses aos palestinos. Parlamentares libaneses aprovaram uma resolução pedindo aos países árabes, entre outras coisas, para romper relações com Israel. Hariri pediu à administração dos EUA, "em nome dos moderados árabes", para serem "justos" em suas políticas e tomar medidas urgentes visando restaurar o processo de paz e pôr fim aos ataques de Israel. Em Teerã, Maurice Motamed, o único deputado judeu no Parlamento iraniano, disse que "a sociedade judaica do Irã foi uma das primeiras comunidades judaicas do mundo a condenar esses ataques contra palestinos".

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