Mapuches completam 73 dias de greve de fome no Chile

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Por AE
Atualização:

Ao se cumprir os 73 dias de uma greve de fome realizada por quatro indígenas mapuches em uma prisão no sul do país, o estado de saúde deles piorou consideravelmente, afirmou o porta-voz dos grevistas. Dois deles foram levados a um hospital na cidade de Victoria, no sul chileno. "Eles estão estáveis, mas apresentam uma perda de peso importante e outros problemas associados à greve de fome, como hipotermia, o que requer monitoramento e exames permanentes", afirmou o médico do hospital Joaquín Sanzana.Em declarações anteriores à rádio Cooperativa, Natividad Llanquileo, a porta-voz dos mapuches, disse que os quatro grevistas na prisão de Angol, a 600 quilômetros de Santiago, perderam entre 20 e 22 quilos, além de apresentar problemas como dores de cabeça, tremores e arritmia cardíaca, segundo boletim médico.Os quatro mapuches em greve de fome foram condenados por um tribunal a penas de entre 20 e 25 anos, por atacar há três anos um promotor na zona de Araucanía, que os mapuches reivindicam para si. Além disso, foram sentenciados por roubo e intimidação. O promotor saiu ileso dos disparos efetuados contra seu comboio.A defensoria pública, que defende os condenados, pediu à Corte Suprema a anulação do julgamento, afirmando que este tinha vícios, entre eles o uso de testemunhas anônimas protegidas. A Corte Suprema deve se pronunciar no início de junho, mas os mapuches prometem manter o protesto até a anulação das penas.No ano passado, os quatro participaram de outro jejum de 82 dias, encerrado com a mediação do arcebispo de Santiago, Ricardo Ezzati, e com o compromisso do governo de modificar a severa lei antiterrorista aplicada contra os indígenas.A lei antiterrorista foi sancionada durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990), prevendo penas duras para os processados. Ela podia ser aplicada até contra menores de idade, mas isso foi alterado no acordo entre o governo e os mapuches no ano passado. A porta-voz dos indígenas disse que eles agora esperam nova intervenção do arcebispo Ezzati. As informações são da Associated Press.

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