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Marcar palestinos é ultrajante, diz vítima de holocausto

Por Agencia Estado
Atualização:

Um parlamentar israelense que sobreviveu ao holocausto nazista afirmou nesta terça-feira ter ficado ultrajado com o fato de tropas de Israel terem escrito números de identificação na testa e pulso de vários detidos palestinos esperando para serem interrogados durante uma incursão militar num campo de refugiados na Cisjordânia. Tommy Lapid, nascido na Iugoslávia, disse ao comandante do Estado Maior, tenente-general Shaul Mofaz, e ao ministro da Defesa, Binyamin Ben-Eliezer, que a prática tem de ser suspensa imediatamente. "Como um refugiado do holocausto, considero tal ato insuportável", afirmou Lapid à Associated Press, acrescentando que Mofaz e Ben-Eliezer prometeram tomar providências. Durante a Segunda Guerra Mundial, prisioneiros de campos de concentração, a maioria judeus, tiveram números tatuados em seus pulsos. Mofaz disse mais tarde numa entrevista a uma rádio que havia ordenado a imediata suspensão da prática, que as Forças de Defesa de Israel afirmaram ter sido adotada para identificar e controlar prisioneiros na semana passada no campo de refugiados de Tulkarem. Uma fotografia mostrou um detido que havia acabado de ser liberado com um grande número escrito em seu pulso. Outros detidos afirmaram que números de três dígitos foram escritos em suas testas. Um oficial do Exército disse que a marca, feita com tinta passível de ser lavada, foi uma ocorrência extraordinária, e que não era uma política dos militares. Imagens de televisão de detidos em outros campos da Cisjordânia na segunda-feira não mostraram tais marcas. Ainda assim, o coronel Gal Hirsh, um comandante regional na Cisjordânia, admitiu que a marcação dos prisioneiros com números em Tulkarem foi um erro. "Não acho que seja uma boa idéia colocar números nas mãos de palestinos que foram presos", disse Hirsh. O líder palestino Yasser Arafat comparou na segunda-feira a atitude com o tratamento dispensado pelos nazistas aos judeus nos campos de concentração. "Vocês viram eles colocando números nas pessoas que prenderam no campo de refugiados de Tulkarem?", perguntou Arafat na televisão Abu Dhabi. Não é isso um novo racismo nazista?" Hirsh disse que o incidente foi extrapolado e condenou a comparação dos soldados judeus com os nazistas. "Isso me dá nojo", afirmou. Raanan Gissin, um porta-voz do primeiro-ministro Ariel Sharon, reconheceu que a forma como foram colocados números nos prisioneiros não cria uma boa imagem na mídia. "Se a idéia era passar uma imagem de intimidação, claramente ela entrou em conflito com o desejo de apresentar uma mensagem de relações públicas", comentou ele à Rádio de Israel.

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