CARACAS - A ex-deputada venezuelana María Corina Machado prometeu ontem desafiar a cassação de seus direitos políticos imposta na terça-feira pela Controladoria-Geral da República e disputar a eleição legislativa de dezembro, apesar da proibição. A opositora, que teve declaração de bens rejeitada pelo órgão, disse ser vítima de uma manobra do governo para evitar uma derrota na votação.
“Volto a dizer que a Controladoria é ilegítima e não tem o poder de me proibir de concorrer”, disse María Corina. “Digo a Maduro: concorrerei à Assembleia Nacional. Na sua agonia, o regime tenta se agarrar ao poder. Vivemos o processo eleitoral mais corrupto e desonesto da história.”
A ex-deputada - cassada no ano passado depois de ter sido convidada a representar o governo do Panamá em uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA), o que é proibido pela Constituição venezuelana - tem duas semanas para recorrer da decisão.
O controlador-geral Manuel Galindo, nomeado pelo chavismo, confirmou a punição. “A lei anticorrupção considera a omissão de declarações de bens uma inconsistência passível de inegibilidade por 12 meses”, disse Galindo à TV estatal.
Além de María Corina, o ex-prefeito de San Cristobal Daniel Ceballos também sofreu punição similar e está proibido de participar das eleições legislativas. Ele foi preso no ano passado, acusado de desrespeitar uma legislação contra barricadas erguidas por manifestantes contrários ao governo.
Críticas. A desqualificação da opositora provocou uma reação adversa do governo americano, em um momento de aproximação entre os dois países. “Estou muito preocupada com a suspensão dos direitos políticos de María Corina Machado”, disse a subsecretária de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson. “Inclusão e igualdade são cruciais para eleições livres na Venezuela.”
Além da suspensão das candidaturas de María Corina e Ceballos, a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) contesta uma regra imposta pela Justiça eleitoral após as primárias da oposição que requer um porcentual de 40% de candidaturas femininas nas disputas pela Assembleia Nacional. Segundo a MUD, a medida tenta desqualificar candidaturas favoritas em dezembro. / REUTERS