PUBLICIDADE

María Corina vai à OEA denunciar arbitrariedades do governo venezuelano

Deputada opositora deve usar cadeira do Panamá no Conselho Permanente da Organização para apresentar argumentos contra Nicolás Maduro

Por Denise Chrispim Marin , Caracas e Venezuela
Atualização:

CARACAS, VENEZUELA - Ameaçada de perder seu mandato e ser presa por "traição à pátria", a deputada federal venezuelana María Corina Machado vai denunciar na sexta-feira, 21, no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) arbitrariedades cometidas pelo governo de Nicolás Maduro contra manifestações da oposição. A líder do partido oposicionista Vente Venezuela e deputada mais votada na eleição de 2010 foi convidada pelo governo do Panamá, único país latino-americano a questionar a política de Caracas, a ocupar sua cadeira na OEA.

PUBLICIDADE

Na terça-feira, os advogados da deputada apresentaram ao Ministério Público uma denúncia contra três jornalistas da rede estatal VTV por terem exibido a gravação de uma conversa telefônica de María Corina com o historiador Germán Carrera Damas. Essa gravação foi usada pela deputada Tania Díaz, do governista Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), para embasar tanto a acusação de que María Corina estaria promovendo a "intervenção gringa" no país quanto um pedido de investigação criminal contra a opositora.

A proposta de Tania Díaz foi aprovada pela Assembleia Nacional, cujo presidente, Diosdado Cabello, antecipou que María Corina será julgada por assassinato, terrorismo, delitos contra a humanidade, conspiração e desestabilização do país, além de traição. Acusações similares levaram à prisão o líder do partido Vontade Popular, Leopoldo López, detido há um mês em uma penitenciária militar. María Corina, López e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, são os principais líderes dos protestos da oposição contra o governo e pedem a "saída constitucional" de Maduro da Presidência.

Até esta quarta-feira, María Corina ainda não havia recebido notificação do Ministério Público sobre o caso. Ela viajou de manhã para os Estados Unidos, onde estará na sexta-feira diante da OEA. Pelo twitter (leia abaixo), a deputada afirmou não se sentir intimidada. "Se acreditam que me ameaçando e enterrando a minha imunidade irão me calar, eles não me conhecem", escreveu.

Se a investigação for iniciada, segundo Graterol, seu relatório terá de ser enviado para o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), com prazo de 30 dias para decidir o mérito da acusação - a maioria dos ministros do tribunal apoia o governo de Maduro. Por meio de processos equivalentes, o governo venezuelano conseguiu caçar o direito de imunidade parlamentar de dois deputados, investigados pelo Ministério Público.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.