Marinheiro ucraniano tenta afundar iate de magnata russo das armas, e então parte para a guerra

Taras Ostapchuk trabalhava para o magnata quando disse ter 'despertado' ao ver o vídeo de um míssil russo atingir uma casa em Kiev semelhante à sua; polícia não confirma a propriedade do iate

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Por Redação
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MADRI - Um marinheiro ucraniano tentou afundar um superiate que supostamente pertencia a um magnata russo das armas, e então partiu para sua terra natal, Kiev, na segunda-feira, 28, determinado a se juntar à luta contra as forças invasoras da Rússia

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Taras Ostapchuk disse que espera se juntar aos soldados ucranianos ou às milícias civis que tentam conter as tropas russas que avançam em direção à capital e outras partes de sua terra natal.

“Todos os cidadãos ucranianos devem ser defensores de nossa pátria porque ela está sujeita à agressão russa”, disse ele à agência Associated Press em Barcelona, horas depois de ser libertado da detenção em Maiorca, onde o iate estava ancorado, e pouco antes de embarcar em um voo para a capital polonesa, Varsóvia.

Consequências de uma noite de bombardeios em Kiev, na Ucrânia;Em conta no Twitter, o ministério do Interior da Ucrânia disse que os moradores devem “preparar coquetéis molotov” para deter os invasores Foto: Sergey Dolzhenko/EFE/EPA

“Devemos parar esta guerra”, disse Ostapchuk do outro lado do telefone.

O ato de desafio do engenheiro de 55 anos aconteceu no sábado em uma luxuosa marina em Maiorca. Seu alvo era o Lady Anastasia, um superiate de 48 metros de comprimento cujo dono, segundo Ostapchuk, é Alexander Mikheev.

Mikheev, 61, é o CEO da Rosoboronexport, o braço de exportação de armas do conglomerado de defesa estatal russo RostecDe acordo com a breve biografia no site da empresa, Mikheev era ex-chefe da empresa de defesa JSC Russian Helicopters.

Um porta-voz da Guarda Civil local disse que os outros membros da tripulação do iate alertaram as autoridades sobre a tentativa de naufrágio. Policiais que apareceram na marina no sábado encontraram duas escotilhas abertas deixando água entrar. O iate foi salvo e Ostapchuk foi preso, disse o oficial.

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O marinheiro não demonstrou arrependimento quando questionado por um juiz local no domingo: “Ele considera o dono do iate um criminoso porque ganha dinheiro vendendo armas que, segundo ele, matam ucranianos”, escreveu o juiz resumindo o interrogatório de acordo com o cópia vista pela AP.

Ostapchuk disse que estava bem ciente das atividades de seu empregador e que foi encarregado da manutenção do iate. Mas as imagens veiculadas em um noticiário online de um míssil russo atingindo uma casa parecida com a sua em Kiev acionaram um interruptor em seu cérebro, contou. O míssil destruiu parcialmente cinco andares da casa, disse ele.

As armas produzidas pelo proprietário do iate estão “agora sendo usadas contra meu próprio povo”, disse Ostapchuk.

O marinheiro considerou o que faria por algumas horas antes de decidir se vingar. De acordo com seu depoimento no tribunal, o marinheiro agiu tentando não causar danos a terceiros, fechando as válvulas de combustível do iate e alertando os outros tripulantes, todos ucranianos.

Começou então uma briga entre Ostapchuk e seus colegas, que acabaram ligando para a direção da marina. A Guarda Civil disse que não conseguiu confirmar a propriedade do iate.

“Esses barcos luxuosos geralmente são registrados em paraísos fiscais sob empresas de fachada que não são necessariamente seus proprietários finais”, disse um porta-voz da Guarda Civil que não estava autorizado a fornecer seu nome./AP

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