17 de outubro de 2015 | 16h00
A pauta incluía aumento salarial e direitos sociais, como descanso semanal remunerado e contrato coletivo de trabalho. Na madrugada de 6 de dezembro de 1928, uma concentração de grevistas foi metralhada por militares. Pelo menos mil pessoas morreram, embora a maioria dos corpos tenha sumido.Uma contagem oficial apontou apenas nove mortos e três feridos. Outras admitiram até 20 vítimas fatais. A tradição oral aponta que a maioria dos cadáveres teria sido lançada no mar. Também teriam ocorrido assassinatos de ativistas nas três semanas seguintes.
García Márquez descreve o ato na estação ferroviária, com cerca de 3 mil pessoas, à espera de autoridades, a ordem de um capitão para que se dispersassem e o matraquear de "quatorze ninhos de metralhadoras". Em sua narrativa cheia de "realismo fantástico", o escritor conta que tudo parecia uma farsa. Nela, talvez as armas estivessem carregadas com fogos de artifício. Disparavam, mas a multidão não se mexia, não reagia. Parecia "petrificada por uma invulnerabilidade instantânea". Até que o "encantamento" foi quebrado por "um grito de morte": "Aaaai, minha mãe".
Um processo foi aberto pelo advogado e político liberal Jorge Eliecer Gaitán .Vinte anos depois do massacre, candidato à presidência, Gaitán foi morto a tiros, em 9 de abril de 1948. O crime desencadeou "La Violência" , um período de conflito armado entre liberais e conservadores que durou até 1960. Foram 200 mil mortos, entre policiais, paramilitares, militares, rebeldes, civis.
O conflito ainda em curso no país começou nos anos 60. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (Farc-EP) surgiram no meio da década. Eram uma milícia de camponeses, ligada ao Partido Comunista. Da cobrança de "impostos" sobre a produção de coca, as Farc passaram à produção, a partir dos anos 90, por decisão de congresso. Outros grupos da esquerda armada se formaram:. Eram o Exército Popular de Libertação (EPL), maoísta; Exército de Libertação Nacional (ELN), guevarista; e Movimento 19 de Abril (M-19), nacionalista-revolucionário. As Farc e o ELN, embora enfraquecidos, ainda atuam.
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