
05 de julho de 2017 | 18h54
LONDRES - A primeira-ministra britânica, Theresa May, falou nesta quarta-feira, 5, sobre o bebê Charlie Gard, criança de 11 meses com uma doença grave, no centro de um drama jurídico, e afirmou que o hospital que o trata "sempre avaliará" qualquer oferta ou nova informação sobre seu tratamento.
Os comentários da primeira-ministra foram feitos dias depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, oferecer ajuda aos pais do bebê, Connie Yates e Chris Gard, e de o papa Francisco expressar apoio à família.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, manifestou dúvidas sobre a remoção de Charlie para o exterior - os pais lutam para conseguir uma autorização para levá-lo aos EUA onde receberia um tratamento experimental.
Segundo Johnson, a decisão sobre o tratamento de Charlie tem de ser uma opinião de especialistas médicos, que já se posicionaram contra o prolongamento dos cuidados para manter o bebê vivo. Na opinião deles, essa situação só prolonga o sofrimento da criança, que tem uma doença incurável.
O Ministério de Relações Exteriores da Itália informou que Johnson explicou a ele que, por "razões legais", Charlie também não pode ser transferido ao hospital pediátrico Bambino Gesú, vinculado ao Vaticano, que se ofereceu para tratá-lo. Johnson agradeceu a oferta e disse que a decisão médica tem respaldo da Justiça, segundo comunicado emitido por seu gabinete.
O hospital de Roma comunicou ontem que está "preparado" para receber Charlie porque "defender a vida humana, principalmente quando está ferida pela doença, é um compromisso de amor que Deus confia a cada homem".
Na Câmara dos Comuns, May falou sobre o caso e foi questionada pela deputada trabalhista Seema Malhotra, que representa o bairro londrino onde moram os pais de Charlie.
“To defend human life, above all when it is wounded by illness, is a duty of love that God entrusts to all.” @Pontifex pic.twitter.com/Tth3oHZo4v — Charlie's fight (@Fight4Charlie) July 2, 2017
Contra a opinião médica, referendada pela Justiça britânica e europeia, os pais querem continuar tentando em outros países tratamentos para o filho, e para isso já arrecadaram 1,3 milhões de libras (mais de R$ 5 milhões) na internet. Charlie sofre de uma variação agravada de encefalopatia mitocondrial, que faz com que ele não consiga realizar qualquer atividade.
"É uma situação inimaginável para qualquer um e eu entendo totalmente que qualquer pai nestas circunstâncias queira fazer todo o possível para o seu filho gravemente doente, mas também sabemos que nenhum médico quer estar na terrível posição de ter de tomar decisões tão tristes. Tenho plena confiança de que o Hospital Great Ormond Street avaliou e sempre avaliará qualquer oferta ou nova informação que se apresente com consideração ao conforto de um menino muito doente", afirmou May, em alusão à postura do hospital de desligar os aparelhos da criança.
A Justiça do Reino Unido ordenou que os aparelhos do menino fossem desligados, atendendo a um pedido de seus médicos, que argumentam que a criança tem o direito de morrer com dignidade. A decisão foi referendada pela Corte Europeia dos Direitos Humanos e o tratamento seria interrompido na sexta-feira. No entanto, o hospital suspendeu a decisão para dar mais tempo aos pais". / EFE, AP e AFP
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