PUBLICIDADE

May pede apoio ao seu acordo para evitar que deputados derrubem o Brexit

Primeira-ministra britânica apelou nesta segunda-feira, véspera da votação dos termos negociados por ela com a União Europeia, e disse que rejeição pelo Parlamento pode resultar em 'danos catastróficos' para a democracia

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

LONDRES - A primeira-ministra britânica, Theresa May, pediu nesta segunda-feira, 14, apoio ao seu acordo de saída da União Europeia (UE), para impedir que deputados, em geral pró-europeus, frustrem o Brexit, previsto para 29 de março.

Em discurso em Stoke-on-Trent, no norte inglês, ela advertiu que se o acordo for rechaçado na votação marcada para a terça-feira, a suspensão do Brexit "seria até mais provável" do que deixar o bloco em um acordo bilateral.

Para Theresa May, Parlamento britânico tem a obrigação de votar a favor de seu acordo para confirmar o Brexit Foto: Ben Birchall / POOL / AFP

PUBLICIDADE

"Como vimos nas últimas semanas, há algumas pessoas (no Parlamento) que pretendem atrasar ou até deter o Brexit e usarão qualquer mecanismo para ter sucesso", disse May. "Peço aos deputados que pensem nas consequências que seus atos podem ter sobre a fé dos britânicos na democracia."

A premiê afirmou que, ainda que não satisfaça a todos, o acordo negociado pro ela é "o único sobre a mesa" e lembrou que o Parlamento tem a obrigação de "cumprir com o resultado do referendo de 2016", que deu vitória ao Brexit.

Em referência às alegadas manobras de alguns deputados, entre eles pró-europeus conservadores, para tentar controlar a agenda parlamentar e definir o processo futuro caso o pacto do governo seja derrotado, May questionou: "O que aconteceria se nós nos encontrássemos em uma situação em que o Parlamento votasse para tirar o Reino Unido da UE em oposição a um voto a favor da permanência (no bloco)"?

"A fé do povo no processo democrático e em seus políticos poderia sofrer danos catastróficos", alertou. 

May se referia às várias articulações nos bastidores que, de acordo com o imprensa, são feitas por grupos de deputados que querem assumir o controle agenda parlamentar, normalmente definida pelo Executivo, a fim de definir os próximos passos se o acordo oficial for rejeitado.

Publicidade

Se as manobras deles prosperarem, os parlamentares poderiam propor moções para, por exemplo, adiar ou suspender o artigo 50 do Tratado de Lisboa - o que impediria o Brexit - ou vetar uma saída não negociada.

A Câmara dos Comuns continua nesta segunda-feira o debate de cinco dias sobre o acordo de saída da UE, que terminará amanhã com a votação histórica.

A fim de reunir apoio de última hora, o governo divulgou uma carta em que a UE oferece garantias de que é muito improvável que a cláusula de segurança seja aplicada para evitar fronteira física na ilha da Irlanda, um dos pontos mais controvertidos conflito do tratado.

Defensores da permanência (E) e do Brexit (D) protestam do lado de fora do Parlamento britânico Foto: Tolga AKMEN / AFP

"Espero que uma carta seja publicada em breve com as garantias do presidente do Conselho Europeu e do presidente da Comissão Europeia para dar tempo aos deputados para considerar essas garantias", declarou o porta-voz da Downing Street à imprensa em Londres.

Se May perder a votação na terça-feira, ela terá que apresentar um Plano B dentro de três dias úteis - no máximo em 21 de janeiro -, momento em que os deputados insatisfeitos com seu plano poderiam manobrar para forçar uma alternativa.

Espera-se também que, em algum momento do processo, o Partido Trabalhista apresente uma moção de censura contra o governo, que poderia resultar em eleições gerais. / EFE e AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.