McCain concentra esforço para evitar derrota na Pensilvânia

Para republicanos, é crucial reverter desvantagem de dois dígitos no Estado

PUBLICIDADE

Por Elisabeth Bumiller e Jeff Zeleny
Atualização:

Barack Obama tem vantagem de dois dígitos nas últimas pesquisas na Pensilvânia. O senador John Kerry venceu o presidente George W. Bush no Estado em 2004. Os três candidatos democratas anteriores também foram vitoriosos aqui. E, neste ano, há 1,2 milhão de eleitores registrados como democratas a mais do que o de republicanos. Mas nas últimas e frenéticas semanas da campanha de 2008, McCain investe muito tempo e dinheiro nesse Estado tão tradicionalmente democrata, fazendo três paradas por aqui na terça-feira. Aparentemente, concluiu-se que sua sobrevivência política dependesse da Pensilvânia. E, do ponto de vista da sua campanha, isto é verdade. "Precisamos vencer na Pensilvânia no dia 4 e, com a sua ajuda, vamos ganhar!", gritou McCain para uma multidão na primeira aparição do dia, numa fábrica em Bensalem, ao norte da Filadélfia, onde ele disse que Obama aumentaria os impostos deles e não tinha sido testado suficientemente para lidar com uma crise internacional. Os estrategistas de McCain insistem que o Estado e os seus 21 votos no Colégio Eleitoral ainda estão ao alcance e são cruciais no que eles admitem ser uma trilha cada vez mais espinhosa até a vitória. Eles dizem que pesquisas próprias mostram McCain apenas 7 ou 8 pontos porcentuais atrás de Obama. A campanha argumenta que o republicano tem pelo menos dois bons campos a explorar no Estado: os eleitores pró-armas de classe operária no interior carvoeiro do oeste da Pensilvânia e os independentes e moderados dos condados ao redor da Filadélfia, que ainda não se definiram por nenhum candidato. Outro motivo para a concentração de McCain na Pensilvânia pode ser o mapa eleitoral cada vez mais definido, na medida em que Obama vai se consolidando num número cada vez maior de Estados. Há também a necessidade de se evitar outra concessão embaraçosa como a que foi feita em Michigan, Estado abandonado pela campanha de McCain no início do mês. O republicano está comprando cada vez menos anúncios em New Hampshire, Wisconsin, Colorado, Maine e Minesota para permitir um investimento maior na Pensilvânia, Ohio e Flórida - nos quais considera que a vantagem de Obama é reversível. "Ceder a Pensilvânia duas semanas antes da eleição seria um reconhecimento expressivo do fracasso", disse G. Terry Madonna, da Universidade Franklin & Marshall, em Lancaster. RÓTULO Um dos principais estrategistas de McCain, Charles Black, disse que nos últimos meses a campanha obteve na Pensilvânia resultados melhores do que em qualquer outro Estado azul (democrata). "Bush esteve perto de vencer aqui, mas seu desempenho foi ruim nos subúrbios da Filadélfia", disse o assessor, argumentando que o rótulo de "independente" atribuído a McCain teria maior apelo nesses redutos, apesar de o senador estar fazendo uma campanha republicana tradicional nas eleições gerais. A Filadélfia é uma das únicas grandes cidades do país onde a campanha publicitária de McCain chega perto, em volume, da de Obama. Mesmo assim ele está ficando para trás. Funcionários democratas no Estado têm exigido da campanha de Obama a volta do senador à Pensilvânia pelo menos mais uma vez antes da eleição, para neutralizar o esforço republicano. O senador Bob Casey, democrata da Pensilvânia, disse que a vantagem no número de eleitores registrados era o dobro daquela garantida pelo partido na eleição de 2004. Mas, mesmo assim, ele ressaltou que a história sugere que o Estado permanecerá com a disputa aberta até o dia da eleição. Nos últimos 50 anos, Lyndon B. Johnson foi o único candidato democrata a vencer com folga.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.