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McCain defende Brasil no lugar da Rússia no G-8

Candidato tenta se afastar da política externa de Bush, condena tortura e diz que fechará prisão de Guantánamo

Por AFP , AP e EFE E REUTERS
Atualização:

O candidato republicano à presidência dos EUA, o senador John McCain, defendeu ontem a exclusão da Rússia e a inclusão do Brasil no G-8, grupo dos países mais ricos do mundo. "Deveríamos garantir que o G-8 se transforme em um clube das principais democracias de mercado. Ele deveria incluir Brasil e Índia, e excluir a Rússia", afirmou. Em um raro discurso sobre política externa, realizado no Conselho de Assuntos Mundiais, em Los Angeles, o senador tentou se afastar do unilateralismo que caracterizou o governo do presidente George W. Bush e defendeu uma maior ação diplomática dos EUA e a reaproximação do país com seus tradicionais aliados. "Os EUA não podem liderar o mundo apenas em razão de sua força", disse McCain, que acaba de realizar uma viagem ao Oriente Médio e à Europa. "Nossa enorme força não significa que podemos fazer qualquer coisa que quisermos quando bem entendemos. Não podemos achar que temos todo o conhecimento e sabedoria necessários para vencer. Temos de ouvir outros pontos de vista e respeitar as opiniões de nossos aliados democráticos." Criticado pelos democratas por representar a continuidade de várias políticas do presidente Bush, McCain foi ainda mais longe e defendeu o fim da tortura e o fechamento da prisão de Guantánamo. "Os EUA precisam servir de exemplo", disse. "Não podemos torturar ou tratar de forma desumana os suspeitos de terrorismo que capturamos. Acho que deveríamos fechar Guantánamo." O candidato republicano declarou também que apóia o controle da emissão de gases estufa e pediu um acordo mundial que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. "A forma como agimos internamente reflete-se na maneira como somos vistos no exterior." AMÉRICA LATINA O senador prometeu também uma integração maior com os países latino-americanos. "A América Latina hoje é cada vez mais vital para o bem-estar dos EUA", afirmou. "''Nossas relações com nossos vizinhos do sul devem ser governadas por respeito mútuo, não por impulsos imperiais ou por demagogia antiamericana", disse, sem mencionar diretamente Cuba e Venezuela, principais críticos de Washington na região. McCain disse que incentivará o que chamou de "nova relação hemisférica" e citou novamente o Brasil - ao lado de Japão, Coréia do Sul, Austrália e Índia - como uma das potências democráticas com as quais os EUA deveriam trabalhar em interesses comuns. "A América pode ser o primeiro continente do mundo inteiramente democrático, onde o comércio seja livre e onde o respeito à lei e ao poder do livre mercado impulsionem a segurança e a prosperidade de todos", afirmou. No discurso de ontem, um dos poucos momentos em que McCain pareceu estar alinhado com a política do atual governo foi em relação ao Iraque. O senador defendeu a atuação dos EUA no Iraque e se disse contrário à retirada de tropas.

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