'Me senti magoada e sozinha', reconhece chefe da Comissão Europeia após saia-justa na Turquia

Presidente da Comissão Europeia ficou sem cadeira em meio a negociações de alto nível na Turquia

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Por Redação
Atualização:

BRUXELAS - A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta segunda-feira, 26, que o tratamento recebido por ela recentemente na Turquia, onde lhe foi negada uma cadeira em meio a negociações de alto nível, destaca a necessidade de se combater o sexismo. 

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Nos comentários mais pessoais sobre o incidente, que ficou conhecido como "sofagate", Ursula disse aos eurodeputados: "Me senti magoada e me senti sozinha, como mulher e como europeia". 

O incidente ocorreu quando, em uma reunião em 6 de abril, em Ancara, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, não forneceu uma cadeira para Ursula, apenas ao chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, também presente nas negociações.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em debate sobre o 'sofagate' em Bruxelas Foto: Olivier Matthys/Pool via REUTERS

Michel correu para a única cadeira colocada ao lado de Erdogan e das bandeiras da União Europeia (UE) e da Turquia, relegando a visivelmente chateada Ursula, que foi se sentar em um sofá mais distante. 

"Eu sou a primeira mulher a presidir a Comissão Europeia. Sou a presidente da Comissão Europeia", afirmou ela antes de um debate parlamentar sobre as relações entre a UE e a Turquia. "E é assim que esperava ser tratada quando visitei a Turquia há duas semanas, como presidente da Comissão, mas não fui. Não consigo encontrar nenhuma justificativa para o tratamento que recebi nos tratados europeus", acrescentou.  "Portanto, tenho que concluir que isso aconteceu porque eu sou uma mulher", disse.

Imediatamente após a reunião de Ancara no início deste mês, quando as imagens do incidente vieram à tona, algumas autoridades europeias enfatizaram que Michel é seu superior na hierarquia diplomática. No entanto, Ursula ressaltou que espera ser tratada da mesma forma que seu colega chefe da UE. 

Antes da plenária do Parlamento Europeu, Michel reiterou o seu pedido público de desculpas por não reagir à presença de apenas duas cadeiras numa reunião de três pessoas na Turquia e afirmou que as equipes de protocolo não tiveram acesso prévio à sala de reuniões.

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Embora tenha reconhecido as críticas, o belga justificou a sua inércia dizendo que, no momento, pensou que não reagir "evitaria a criação de um incidente político mais grave que poria em risco meses de trabalho político e diplomático que as nossas equipes têm feito" nas relações entre Ancara e Bruxelas.

"Von der Leyen e eu mesmo nos comprometemos a garantir que esta situação não se repita no futuro e demos instruções nesta linha às nossas equipes diplomáticas e protocolares", disse Michel. 

A Turquia foi criticada por se retirar da Convenção de Istambul para interromper a violência contra as mulheres, mas, como Ursula lembrou, vários membros da UE ainda não ratificaram o tratado. /AFP e EFE

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