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Mediador da ONU recomenda independência do Kosovo

Martti Ahtisaari, ex-presidente da Finlândia, afirma que se a ´ambigüidade política´ continuar, ´a paz e a estabilidade do Kosovo e da região´ correrão perigo

Por Agencia Estado
Atualização:

O mediador da ONU para o Kosovo, Martti Ahtisaari, considera em seu relatório final que a independência do Kosovo "sob supervisão internacional" é a "única opção viável" para a província sérvia de maioria albanesa, segundo a edição desta terça-feira, 20, do jornal francês Le Monde. A manutenção de uma administração internacional "não é sustentável" e a reintegração do Kosovo à Sérvia "não é uma opção viável", diz Ahtisaari em seu relatório, ao qual o jornal teve acesso e que deve ser transmitido ao Conselho de Segurança da ONU na última segunda-feira. O mediador e ex-presidente finlandês tinha evitado utilizar a palavra "independência" durante mais de um ano de difíceis negociações sobre o estatuto definitivo do Kosovo, que está sob administração da ONU desde o final da campanha de bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em 1999. A Sérvia rejeita a independência do Kosovo e propõe uma ampla autonomia, enquanto a arrasadora maioria albanesa do território reivindica a independência. Ameaça à paz Ahtisaari, que renunciou a uma solução negociada entre as partes, afirma que chegou a hora de fixar o estatuto do Kosovo e argumenta que, se continuar a "ambigüidade política", "a paz e a estabilidade do Kosovo e da região" correriam perigo. "A independência é a única garantia contra esse risco" e é também "a melhor oportunidade de uma divisão durável em relação à Sérvia", indica o mediador. Durante um "período inicial", o Kosovo estaria sob a supervisão de um "pessoal civil internacional", dependente da União Européia, e de uma "presença militar" da Otan, assinala o mediador, ao considerar "limitada" a capacidade do território para enfrentar sozinho "os desafios da proteção das minorias, do desenvolvimento democrático, da reativação econômica e da reconciliação". Segundo Ahtisaari, a supervisão internacional é "particularmente importante" para a proteção das minorias, sobretudo os servo-kosovares que "continuam vivendo em condições difíceis". Por isso, Ahtisaari propõe que os poderes do dispositivo de supervisão internacional estejam "concentrados em setores-chave, como os direitos das comunidades, a descentralização, a proteção das igrejas ortodoxas e a Justiça". Essa supervisão seria exercida para "corrigir ações" contrárias ao espírito do plano que propôs para o Kosovo e acabaria apenas depois das medidas previstas. Ahtisaari considera que seu plano fornece as bases de "um futuro Kosovo independente, que seja viável, durável e estável, e no qual todas as comunidades e seus membros possam viver uma existência digna e pacífica".

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