Médico é investigado por negar atendimento a grávidas no Rio

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A polícia e o Conselho de Medicina do Rio de Janeiro apuram o caso de um médico acusado de negar atendimento a gestantes num hospital público, alegando falta de estrutura, e que teria escrito no braço delas indicações de clínicas que deveriam procurar. A Polícia Civil do Rio abriu um inquérito nesta segunda-feira para apurar o caso e já começou a ouvir as gestantes que não conseguiram o atendimento no Hospital Miguel Couto. O médico, que não teve o nome revelado, é acusado de negar atendimento a pelo menos três grávidas que foram ao hospital, sob o argumento de que o local não tinha leitos disponíveis para receber as gestantes. O médico teria alegado que o atendimento estava prejudicado por uma obra no hospital. Ele teria escrito à caneta nos braços das gestantes o nome e o endereço do hospital que poderia recebê-las. O profissional ainda teria rabiscado no braço das grávidas o número do ônibus que elas deveriam pegar, visto que também não haveria ambulância disponível para transportá-las. Um dos bebês acabou morrendo. "Minha filha fazia o pré-natal no Miguel Couto e deveria ser atendida lá. Ela estava arrasada. O sonho dela era ter uma menina, porque ela já tinha dois meninos", disse a mãe da gestante que perdeu o bebê. O médico já foi afastado de suas funções no Hospital Miguel Couto, que abriu uma investigação interna. O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância e já solicitou ao hospital o prontuário médico das gestantes. "Estamos também muito chocados com esse fato de escrever no braço de um paciente. A nossa lei prevê cinco penalidades para o médico, que vão desde a advertência confidencial até a cassação do registro profissional", declarou o presidente do Cremerj, Luis Fernando Moraes. A Comissão de Saúde da Câmara do Vereadores também acompanha o caso. Representantes da Comissão de Saúde da Casa foram ao Hospital Miguel Couto fazer uma vistoria e constataram que existe carência de pelo menos seis enfermeiros e 18 técnicos de enfermagem. "Nada no sistema pode justificar uma medida em que um médico escreve no braço e encaminha uma paciente por ônibus", afirmou o secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann. (Por Rodrigo Viga Gaier)

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