O Reino Unido quer garantir condições equitativas de comércio em acordos pós-Brexit com o Brasil, e considera a agenda ambiental um componente fundamental para isto, afirmou nesta sexta-feira, 26, o novo embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson. “A questão ambiental é sempre parte de um acordo comercial, é como fazemos acordos de livre-comércio”, afirmou. “Nós queremos garantir que haverá igualdade de condições no comércio, e o meio ambiente é um componente vital para isso”.
As declarações foram feitas durante o encontroRelações Brasil-Reino Unido pós-Brexit, promovido pela Aberje em parceria com o King’s Brazil Institute. Além de Wilson, participaram do evento a presidente da Britcham - Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil, Ana Paula Vitelli, e o comissário de Comércio para América Latina e Caribe do Reino Unido, Jonathan Knott.
Wilson também falou sobre o desmatamento no Brasil e sua possível interferência em investimentos e relações comerciais. “O clima é uma grande preocupação para as pessoas e o desmatamento é parte desse foco”, afirmou. “O Brasil é dono de 60% da Amazônia, por isso a conversa tende a ficar em torno do desmatamento”.
A Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática, COP-26, será realizada em Londres. Wilson, que já havia adiantado a esperança do governo britânico de que o Brasil assumisse um compromisso generoso no evento, acredita que a discussão ambiental deve ser encarada como uma oportunidade. “Há lucro a ser feito em termos de economia verde e há lucro a ser feito em relação à criação de um mercado de carbono legal por parte de mercados internacionais”, afirmou.
O embaixador acrescentou que o objetivo do Reino Unido é trabalhar com o governo brasileiro, não contra ele. “Todos nós sentimos que deveríamos fazer mais”, afirmou. “Os países ricos têm obrigação de fazer mais em relação à finanças, o Brasil em relação ao desmatamento”.
A discussão ambiental está entre uma das cinco prioridades para as relações entre Reino Unido e Brasil pós-Brexit elencadas por Wilson, ao lado de comércio, ciência, segurança e promoção de uma sociedade aberta.
Comércio
Wilson destacou que a saída do Reino Unido da União Europeia abre caminho para o fortalecimento de relações entre o país e o Brasil. “Há mais possibilidades de fazermos mais negócios com o Brasil, porque agora há uma flexibilidade que não existia antes”, disse. “Acredito que há um crescente alinhamento estratégico entre os países, e vejo oportunidade de enriquecer significativamente o diálogo estratégico entre nós”.
O embaixador citou o acordo de dupla tributação (DTA, Double Taxation Agreement), ainda inexistente entre os dois países, como uma grande prioridade para o Reino Unido. “O Brasil é o maior país do mundo com o qual nós não temos um DTA. O lado bom é que, quando converso com autoridades sobre isso, há um entendimento de que se trata de algo desejável para ambas as partes", disse.