Menem é suspeito de chefiar venda ilegal de armas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Suspeito de ser o chefe de uma associação ilícita criada para a venda de armas à Croácia e ao Equador entre 1991 e 1995, o ex-presidente argentino Carlos Menem será intimado a depor na Justiça. O pedido de citação foi feito pelo promotor Carlos Stornelli ao juiz Jorge Urso, que preside o rumoroso processo - considerado o maior escândalo de corrupção de toda a administração Menem (1989 a 1999). O promotor Stornelli quer interrogar também outros suspeitos de serem os "organizadores" da associação ilícita e incluiu o nome deles no pedido enviado ao juiz Urso: o ex-ministro da Defesa Antonio Ermán González e o ex-comandante do Exército, general Martín Balza. "Não tenho nenhum comentário a fazer, já que o que tinha a dizer o disse publicamente", disse Balza ao ser notificado da intimação. A citação de Menem era esperada nos meios políticos argentinos desde o dia 7, quando a Justiça emitiu ordem de prisão contra seu ex-cunhado Emir Yoma. Ex-assessor de Menem, Yoma é acusado de ter sido o articulador do grupo. O ex-presidente não fez nenhum comentário imedidato, mas já havia dito reiteradas vezes que um decreto por ele assinado legalizou a venda de armas para o Panamá e a Venezuela, e responsabilizou "contrabandistas" pelo desvio dos armamentos. Ele também procurou inocentar o ex-cunhado e seus ex-ministros. As armas, que se destinavam oficialmente à Venezuela e ao Panamá, foram parar nos Bálcãs - que, na época (1991), eram incendiados por sangrentos conflitos envolvendo Sérvia, Croácia e Bósnia-Herzegovina. Vigorava então um embargo internacional de armas para região. Para o Equador, as armas teriam sido contrabandeadas em 1995 - quando este país e o Peru mantinham sangrenta disputa fronteiriça. O escândalo assumiu grande proporção porque, no âmbito diplomático, a Argentina condenou a escalada da violência nos Bálcãs tendo, até mesmo, enviado unidades militares à região para participar das forças internacionais de paz e, com Brasil e Estados Unidos, patrocinou os acordos de paz firmados entre Peru e Equador.

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