Menem gera expectativas na Argentina

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Por Agencia Estado
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Faltando cinco dias para o segundo turno das eleições presidenciais, esta terça-feira apresenta-se como o dia "D" para a solução do grande dilema político na Argentina que gira em torno do candidato e ex-presidente Carlos Menem (Frente para a Lealdade do Partido Justicialista -peronista). Entre versões que correm soltas entre os menemistas e o governo sobre a renúncia à sua candidatura e desmentidos do próprio candidato, ninguém acredita que Menem chegará a competir no próximo domingo. A crise de perda de poder dentro e fora do peronismo vivida pelo ex-presidente, acompanhada pelo alto índice de rejeição e, consequentemente, da falta de votos, parece não ter mais fim para Carlos Menem que agora indica que perdeu totalmente a credibilidade, mesmo quando desmente, pelo menos pela décima vez nas duas últimas semanas, que não desistirá de concorrer ao pleito. Porém, os assessores próximos de Menem afirmam, que ele está considerando a questão e que nas próximas horas decidirá se continua ou não na corrida presidencial. Um importante assessor do ex-presidente confirmou à Agência Estado que os rumores publicados diariamente pela imprensa argentina são verdadeiros e que, ontem, pela primeira vez, Menem começou a analisar seriamente os argumentos de seus dois grupos que estão pró e contra a manutenção de sua candidatura. "A decisão final será do doutor Menem e ele está pesando a balança", disse a fonte. Pelo Código Eleitoral, hoje é o último dia para que a Justiça confirme as fórmulas vencedoras do primeiro turno para ir ao segundo, Néstor Kirchner-Daniel Scioli (Frente para a Vitória-Partido Justicialista) e Carlos Menem-Carlos Romero. No entanto, qualquer um dos candidatos tem o direito de renunciar até minutos antes da abertura da votação que começa às 8 horas da manhã. Mas seus assessores não acreditam que ele manterá este suspense até o último momento e estima-se que nas próximas horas poderá anunciar sua decisão final ou realizar um forte movimento para afastar as versões, embora repita a todo instante que não desistirá. Publicamente, o único que assumiu a existência de menemistas articulando a desistência de Menem, foi Alberto Kohan, um de seus assessores mais íntimos e de confiança. Mas ele também remarcou que quem decidirá será Menem e se depender de sua opinião, não deverá renunciar. Um deputado menemista comentou que se o ex-presidente desistir do segundo turno, o único vencedor será o presidente Eduardo Duhalde porque a Presidência de Kirchner será debilitada pela falta de legitimidade, com apenas 22% dos votos do primeiro turno, e "Duhalde continuará dando as cartas e controlando tudo porque Kirchner ficará totalmente dependente de seu poder para poder governar, mas se Menem for para o segundo turno e Kirchner ganhar com 50% dos votos, como se prevê nas pesquisas, Duhalde não poderá controlá-lo". Partindo deste princípio, Menem nunca renunciaria porque sua inimizade com Duhalde é tão forte quanto o seu desejo de um terceiro mandato. O deputado, que não quer se meter oficialmente nesta discussão e por isso pede para não ser identificado, também argumentou que se Menem não renunciar, o menemismo poderá construir uma oposição à Duhalde que tentará ficar com o poder do peronismo e armar mais bases no interior, já que sua área de atuação e apoio mais forte está na província de Buenos Aires, a qual ficaria nas mãos de Kirchner. Ou seja, a briga de Menem continuaria para recuperar poder dentro do partido. Mas este parlamentar também deixa escapar um desabafo de que Menem já não é o mesmo feroz de antigamente e parece demonstrar cansaço e decepção pela avassaladora derrota que o espera nas urnas, conforme as pesquisas de opinião que dão entre 30 a 50 pontos de diferença entre seu adversário, Néstor Kirchner.

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