Com o cabelo mais tingido que o costumeiro, cobrindo com um tom negro-acaju as suíças que durante a última década haviam sido grisalhas, o ex-presidente argentino Carlos Menem retornou ao cargo de presidente do Partido Justicialista (Peronista). Na cerimônia de retomada do cargo, "El Jefe" (O Chefe), como é conhecido por seus seguidores, prometeu que no ano 2003 o peronismo voltará à presidência do país. Na semana passada, Menem lançou sua candidatura presidencial para as próximas eleições. "Assim, a Argentina voltará a crescer da forma como merece", disse o septuagenário caudilho, que também pediu o retorno dos peronistas que deixaram o partido nos últimos anos. "Daremos uma anistia", prometeu. Mas a posse de Menem é pura formalidade. Na prática, "El Jefe" não conta com poder real dentro do peronismo, embora não tenha perdido a capacidade de tumultuar as outras lideranças que foram surgindo nos últimos dois anos, como as dos governadores das províncias de Buenos Aires, Carlos Ruckauf; de Santa Fe, Carlos Reutemann; e de Córdoba, José Manuel de la Sota. Atualmente, Menem controla 20 deputados de um total de 100 peronistas. Mas a partir do dia 10 de dezembro, com a posse da nova Câmara de Deputados, o peronismo será ampliado para 110 deputados. No entanto, o "menemismo" encolherá, já que sua esfera de influência se reduzirá para 12 parlamentares. "El Turco", como é conhecido popularmente, permaneceu afastado do cargo enquanto esteve em prisão domiciliar entre junho e novembro. Acusado de ter liderado um grupo mafioso que realizou o contrabando de 6.575 toneladas de armas, Menem foi colocado em liberdade pela Corte Suprema de Justiça na semana passada. A decisão da Corte foi polêmica, já que "El Turco" conta com dois amigos declarados entre os sete juízes. Além disso, diversos analistas políticos sustentam que atrás da liberação do ex-presidente estava o presidente Fernando de la Rúa, que teria pedido à Corte que seu predecessor saísse da prisão. Enquanto esteve na prisão, o cargo de presidente do peronismo esteve ocupado pelo governador da província de La Pampa, Ruben Marín, um homem neutro dentro das diversas facções deste partido.