SAADA, IÊMEN - Imagens obtidas pela emissora americana CNN mostram os estudantes iemenitas mortos na quinta-feira horas antes de o ônibus em que eles estavam ser alvo de um bombardeio da coalizão aérea liderada pela Arábia Saudita.
O vídeo estava em um celular encontrado perto do local em que o veículo foi atingido, um mercado na cidade de Dahyan, na província da Said, região controlada pelos rebeldes Houthi. O autor das imagens foi identificado como Osama Zeid Al Homran, um dos meninos com idades entre 6 e 11 anos mortos no ataque - o ataque aéreo matou pelo menos 40 crianças.
Nas imagens, é possível ver as crianças recitando versos do Alcorão e correndo em um cemitério, onde brincavam de pega-pega. "Por causa da guerra, a maioria dos parques e jardins estão destruídos", explicou à CNN Yahya Hussein, um dos professores das crianças.
"As áreas mais bonitas (do país) são os santuários dos mártires e as mesquitas", completou, explicando o motivo de as crianças terem visitado um cemitério.
Enterro
Milhares de pessoas acompanharam nesta segunda-feira, 13, o enterro de dezenas de crianças mortas em um ataque no bombardeio de quinta-feira.
Carros com o logotipo do movimento houthi, apoiado pelo Irã, transportaram os corpos, envoltos em mortalhas brancas, do hospital para uma grande praça de orações antes de seguirem para o cemitério, onde fileiras de sepulturas foram cavadas na sexta-feira.
Muitos carregavam fotos das crianças mortas. "Meu filho foi ao mercado para cumprir obrigações de casa e, em seguida, (houve) o ataque aéreo inimigo, ele foi atingido por estilhaços e morreu", disse Fares al-Razhi, lamentando a morte seu filho de 14 anos.
"Por meu filho, vou me vingar de Salman e Mohammed Bin Zayed", disse, referindo-se aos líderes da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.
Estes dois Estados do Golfo lideram a aliança de países muçulmanos sunitas que intervieram na guerra do Iêmen desde 2015 e tentam restaurar o governo internacionalmente reconhecido que foi expulso da capital Sanaa pelos Houthis em 2014.
A coalizão disse na sexta-feira que investigará o ataque depois de o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, condenar o ataque e pedir uma apuração independente.
No sábado, no entanto, a agência de notícias estatal saudita disse que a missão da Arábia Saudita na ONU transmitiu uma mensagem a Guterres reiterando que a ação militar "foi legítima" e tinha como alvo líderes houthis responsáveis por "recrutar e treinar crianças". / COM REUTERS