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´Mentor´ do 11/9 disse ter decapitado jornalista americano

Pentágono ainda não havia divulgado trecho do depoimento em que Mohammed confessa ter matado Daniel Pearl. Ele estaria por trás de outros 30 ataques e planos

Por Agencia Estado
Atualização:

O suposto responsável pelo planejamento dos ataques terroristas de 11 de Setembro nos EUA e número 3 da Al-Qaeda Khalid Sheikh Mohammed, afirmou ter decapitado o jornalista americano Daniel Pearl, revelou um trecho da transcrição de seus depoimentos divulgado nesta quinta-feira, 15. Na versão inicial da transcrição do interrogatório, divulgada na noite de quarta-feira, 14, Mohammed afirmava ser o responsável por outros 30 ataques e planos nos Estados Unidos e no resto do mundo. Entre as ações estaria, além do 11 de Setembro, uma série de ataques a uma casa noturna em Bali, na Indonésia, um atentado ao World Trade Center em 1993, e planos para assassinar o papa João Paulo II e o ex-presidente americano Bill Clinton. O depoimento do suposto terrorista foi tomado na prisão norte-americana da baía de Guantánamo, em Cuba, no último sábado. "Com minha abençoada mão direita, eu decapitei o judeu americano Daniel Pearl na cidade de Karachi, no Paquistão", afirmou Mohammed por meio de um representante militar designado para atuar como seu advogado, segundo a transcrição divulgada pelo Pentágono. Pearl foi seqüestrado e morto no Paquistão em 2002, quando levantava dados para uma reportagem sobre a militância islâmica no país. Mohammed já vinha sendo apontado há muito tempo como um dos principais responsáveis pelo crime, que foi registrado em vídeo e divulgado na internet. "Para aqueles que queiram confirmar, há fotos minhas na internet segurando a cabeça dele", acrescentou Mohammed. O Pentágono havia divulgado na noite de quarta-feira uma primeira versão com as confissões de Mohammed sobre os outros 30 crimes. A parte com as declarações sobre a morte de Pearl só foi divulgada nesta quinta-feira, entretanto, para que a família do jornalista tivesse tempo de ser informada sobre as revelações. Histórico de terror Em confissões a um tribunal militar americano, Mohammed descreveu-se como o mais ambicioso operativo da Al-Qaeda, e fez questão de mencionar todos os ataques aos quais esteve vinculado. A longa lista de atentados vai do seqüestro de aviões em setembro de 2001 - no qual cerca de três mil pessoas morreram - a um tiroteio no Kuwait que deixou um fuzileiro naval americano morto em 2002. Muitos dos planos - incluindo um projeto nunca antes divulgado para matar ex-presidentes americanos - nunca foram postos em prática ou foram frustrado por grupos antiterroristas. "Eu fui responsável pela operação de 11/9 de A a Z", disse o membro da Al-Qaeda em uma declaração lida no último sábado durante uma sessão do Tribunal de Revisão de Status de Combatentes em Guantánamo. A confissão de Mohammed foi lida por seu advogado. Mohammed, que está entre os 14 suspeitos de terrorismo mais significativos capturados pelos EUA desde o 11/9, havia sido transferido de uma prisão secreta da CIA para a base de Guantánamo no ano passado. As audiências começaram na última sexta-feira para determinar se os 14 homens deveriam ser considerados "combatentes inimigos", o que permitira que eles fossem detidos indefinidamente e processados por tribunais militares. Mohammed, conhecido entre as autoridades americanas como KSM, havia sido visto pela última vez após sua captura, em março de 2003. Arrependimento pelas crianças mortas Nas primeiras declarações públicas desde sua captura, sua ideologia de radicalismo e autoconfiança logo vieram à tona. Ele expressou arrependimento pela vida das crianças mortas em seus ataques e disse que o Islã não dá "luz verde" para assassinatos. Ainda assim, disse que sempre há exceções. "A linguagem da guerra são as vítimas", disse. Ele ainda comparou o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, ao herói da independência americana, George Washington. "Ele (Bin Laden) está fazendo a mesma coisa (que George Washington durante a Revolução americana). Está apenas lutando. Ele busca a independência." Caso os 14 processados sejam declarados "combatentes inimigos" como é esperado, a corte militar deverá na seqüência discutir as penas contra eles. Texto atualizado às 16h15

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