10 de novembro de 2013 | 02h00
Cortado das finanças internacionais, com problemas para exportar petróleo e dificuldades para pagar por importações, o Irã teve seu comércio exterior fortemente afetado. Mesmo a Suíça, considerada um país neutro, fechou seus bancos que operavam em Teerã, depois da pressão americana.
As estimativas apontam que o Irã estaria perdendo cerca de US$ 40 bilhões por ano com as sanções. Funcionários de bancos suíços, que por anos haviam financiado o comércio do Irã, apontaram ao Estado que, no fundo, esse também é o valor que exportadores estão perdendo sem acesso ao Irã.
Nem bem o governo americano e o Irã voltaram a se falar, depois de 30 anos, a China apressou-se em declarar que estava entrando em Teerã com investimentos de US$ 22 bilhões. O dinheiro não seria enviado para os iranianos, mas descontado da dívida que os iranianos têm com Pequim.
Quem ganharia com a redução parcial do embargo seriam os fabricantes de carros da França. Diante da pressão contra o ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad, essas empresas deixaram o país. A Peugeot deixou de vender em Teerã, o que afetou 10% de sua receita global em 2012. Em julho, a Renault admitiu perdas de 512 milhões em razão dos obstáculos no mercado iraniano. Diplomatas brasileiros também confirmaram ao Estado que as sanções impediram exportações brasileiras para o Irã. As trocas superaram os US$ 2 bilhões e a previsão é de que, com o fim dos obstáculos, cheguem a US$ 4 bilhões.
Durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos esforços era o de estabelecer um acordo entre os bancos centrais para superar os entraves de financiamento para o comércio. Com o fim do isolamento do Irã, esse problema seria parcialmente solucionado e Brasília admite que já está observando a evolução do debate para ajudar empresas.
"Estamos em uma boa posição para ganhar terreno no mercado iraniano", disse um negociador brasileiro. "Temos a confiança das autoridades e mostramos que não abandonamos o país."
Em Dubai, os sinais do fim de algumas sanções também começam a movimentar comerciantes. Por anos, a cidade foi a porta dos fundos para o comércio do mundo com o Irã. Os Emirados Árabes foram fortemente pressionados pelos americanos a fechar esse espaço. "Sugerimos que nossos filiados se preparem para possíveis remoções de obstáculos para o comércio", disse Hossein Asrar Haghighi, membro do Conselho Comercial Iraniano de Dubai. Segundo ele, o comércio com o Irã aumentaria em 20% em dias se as sanções fossem aliviadas. Nos últimos dois anos, o fluxo comercial de Dubai caiu 30%. O Conselho Comercial Iraniano perdeu 400 de seus 600 membros e empresas inteiras fecharam.
Iraque e Paquistão poderiam perder coma abertura, já que ganharam mercado com as sanções ao Irã.
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