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Mercadorias se esgotam rapidamente 

Com a escassez de remédios e outros itens de saúde essenciais na Venezuela, milhares de pessoas atravessam diariamente a fronteira para compras em Pacaraima

Por Pacaraima e Roraima
Atualização:

Há 25 anos, Milagros Camarillo deixou Caracas, capital venezuelana, e atravessou a fronteira por Roraima para estudar no Brasil. Hoje, aos 40 anos e formada, vende medicamentos na primeira farmácia que os compatriotas dela encontram quando atravessam os postos policiais entre os dois países.

Com a escassez de remédios e outros itens de saúde essenciais na Venezuela, milhares de pessoas atravessam diariamente a fronteira para compras em Pacaraima, a última cidade de Roraima na rota da BR-174, que liga o Brasil ao território venezuelano. Na Farmácia Monte Roraima, o estoque dura pouco. O proprietário, Rodrigo Coelho, diz que foi a Boa Vista, capital do Estado, para estocar o anti-hipertensivo losartana potássica, um genérico produzido no Brasil. Comprou 150 caixas do remédio há 20 dias. Ontem exibia sobre o balcão o que restou: nove embalagens.

Milagros Camarillo e Rodrigo Coelho, da farmácia Monte Roraima, mostram alguns dos remédios mais procurados pelos venezuelanos Foto: Felipe Corazza/ESTADAO

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Segundo Coelho, 90% das vendas do estabelecimento são para venezuelanos, que têm livre trânsito até Pacaraima – um visto temporário é exigido apenas para os que pretendem ir além da cidade e chegar a Boa Vista ou seguir até Manaus. Milagros se entristece ao falar do país onde nasceu e viveu. “Enquanto estiverem lá (os chavistas), não há solução para a economia”, afirma.Entre os medicamentos mais procurados também estão os anticoncepcionais, os antibióticos, antialérgicos e psicotrópicos.

As vendas são essencialmente para venezuelanos acima dos 30 anos, segundo Milagros. Ela acompanha o fluxo de migração na região e observa que os mais jovens não chegam apenas para compras, mas sim para tentar a vida no Brasil. “Vêm com o que têm, sem se preocupar com o dinheiro para uma passagem de volta. Não voltam mais para lá”, afirma. Segundo ela, conversas com amigos do outro lado da fronteira são sobre um surto da doença em cidades como Ciudad Bolívar, San Félix e Puerto Ordaz. “Produtos para tratamento da água estão em falta, então, a sarna prolifera.” 

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