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Merkel é reeleita para terceiro mandato

Com quase 42% dos votos, partido da chanceler alemã fica perto, mas não consegue prescindir de uma coalizão para formar governo

Por Renata Miranda - O Estado de S.Paulo
Atualização:

BERLIM - Foi aos gritos de "Angie! Angie! Angie!" que a chanceler alemã, Angela Merkel, subiu neste domingo no palco da sede de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), em Berlim, após ser confirmada no cargo para um terceiro Mandato. O resultado das urnas deve reforçar seu papel de figura-chave não apenas de seu país, mas também de um continente inteiro que busca sair da profunda crise que apresenta uma das mais graves ameaças à União Europeia desde sua criação.Após uma campanha acirrada na qual a incerteza sobre o resultado final permaneceu até o último minuto, a CDU teve o seu melhor desempenho em uma eleição em 20 anos, obtendo mais de 40% dos votos. Apesar da ampla votação, seu partido não conseguiu atingir a maioria absoluta no Bundestag (Parlamento) e terá de negociar uma coalizão para formar o governo, provavelmente com o Partido social-democrata (SPD), seu principal rival, que obteve cerca de 26% dos votos. Outra possibilidade é recorrer a uma parceria com os verdes.A aliança com os liberais-dmocratas do FDP, mantida desde 2009, foi desfeita após o partido fracassar nas urnas e não conseguir os 5% dos votos necessários para enviar representantes ao Parlamento. A última parcial oficial, divulgada na noite deste domingo, dava à CDU e seu partido-irmão na Baviera, CSU, 41,5% dos votos. Em segundo lugar, o SPD, com 25,7%; quase empatados no terceiro lugar, A Esquerda, com 8,6%, e os Verdes, com 8,3%. O FDP e a AfD tinham 4,8% e 4,7%, respectivamente. Outros partidos somavam 6,4%. A participação foi de 71,5%."Nós faremos tudo para garantir que os próximos quatro anos sejam de sucesso para a Alemanha", disse Merkel a seus partidários reunidos na Casa Konrad Adenauer, na capital alemã. Cautelosa, ela disse que antes de se pronunciar sobre o futuro governo, ela esperaria os números finais da eleição. "Ainda é muito cedo para dizer como vamos proceder. Vamos discutir tudo isso nesta segunda-feira em nossas reuniões de liderança. Mas já podemos celebrar hoje porque fomos muito bem."O clima de incerteza dominou a reta final da campanha, com pelo menos um terço dos 62 milhões de eleitores se definindo como "indecisos". A roteirista alemã Caroline Jung, 41, é um exemplo dessa parcela do eleitorado. Casada com um partidário do SPD e filha de um filiado à CDU, neste domingo ela acabou optando pelos Verdes. "A única certeza que temos nessa eleição é que pouco vai mudar", disse ela logo após votar em um dos centros de votação em Mitte, região central de Berlim. "Não concordo muito com o governo atual, mas não é que tenha algo de errado ou ruim com essa coalizão - até porque nada na Alemanha é tão ruim assim, em comparação com outras partes do mundo."As projeções deste domingo à noite colocavam a CDU à beira da possibilidade de obter o a maioria absoluta no Parlamento, o que lhe daria a possibilidade de formar um governo sem a necessidade de uma coalizão.Caso isso se confirme, será a primeira vez que um chanceler prescindirá de uma aliança no Parlamento desde 1957. Além do terceiro mandato, os números da eleição deste domingo também dão a Merkel o título de mulher que por mais tempo comandou um país europeu, ultrapassando Margaret Thatcher - que liderou o governo britânico por 11 anos (1979-1990).Caso seja necessária uma coalizão com o SPD, a aliança seria semelhante à que governou a Alemanha de 2005 a 2009, no primeiro mandato de Merkel como chanceler. O candidato do SPD, Peer Steinbrück, disse que antes de se manifestar sobre uma possível coalizão, vai esperar um pronunciamento oficial da CDU. "A bola está no campo da sra. Merkel, ela tem de encontrar uma maioria", disse ele a partidários neste domingo. Independentemente de qual será a coalizão, Merkel enfrentará uma série de desafios neste terceiro mandato. Além de continuar desempenhando um papel fundamental na solução da crise financeira na Europa, a chanceler terá ainda de lidar com importantes questões internas, como a crise demográfica e as mudanças nas políticas de energia da Alemanha.

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