Merkel rebate Trump e defende direito da Alemanha de tomar decisões próprias

Presidente americano acusou governo alemão de gastar muito na compra de gás russo e destinar pouco à Defesa do país

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BRUXELAS - A chanceler alemã, Angela Merkel, rebateu Donald Trump e defendeu nesta quarta-feira, 11, o direito da Alemanha de tomar decisões próprias. A declaração foi uma resposta à crítica do presidente americano de que o governo alemão é refém da Rússia pela necessidade que tem de comprar gás.

Chanceler alemã, Angela Merkel, e presidente americano, Donald Trump, fazem declaração conjunta à imprensa após reunião bilateral em Bruxelas, durante cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Foto: AFP PHOTO / Brendan Smialowski

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Moscou é considerada a principal ameaça à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Líderes das nações que assinaram o pacto se reúnem nesta quarta-feira em Bruxelas.

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"Eu mesma vivenciei uma parte da Alemanha controlada pela URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Estou muito satisfeita que hoje estejamos unidos em liberdade como República Federal da Alemanha e possamos tomar decisões independentes", disse Merkel.

Horas antes, durante reunião com o secretário-geral da Otan, Trump havia criticado a maior economia da Zona do Euro. Segundo ele, a Alemanha é um "país rico" que não gasta o suficiente com Defesa e investe muito dinheiro no gás russo. 

"Eles pagam milhões de dólares à Rússia e nós temos que defendê-los contra a Rússia", reclamou o presidente, acrescentando que o país é "prisioneiro da Rússia porque recebe muito de sua energia".

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Os Estados Unidos atualmente têm 3,5% de seu PIB destinado à Defesa, valor que representa dois terços do total entre os 29 aliados do tratado. Por meio de declarações durante a cúpula, Trump estabeleceu sua prioridade de vender gás natural para os europeus. 

A Alemanha destina 1,24% de seu PIB aos gastos militares. Merkel reiterou seu compromisso de cumprir a meta estabelecida na cúpula de Gales, de 2014, quando os países acordaram em avançar seus gastos com Defesa para 2% até 2024.

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Anteriormente, Trump havia criticado seu aliados por ainda não cumprirem a meta. "Os EUA estão pagando muito", declarou. "Não é justo para os contribuintes." 

Além da questão orçamentária, Merkel defendeu o papel da Alemanha na Otan como a "segunda maior fornecedora de tropas" e "muito comprometida no Afeganistão". "Portanto, também defendemos os interesses dos Estados Unidos", ressaltou a chanceler. / AFP

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