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Mesmo com cessar-fogo, violência continua em Darfur

Acordo de paz foi assinado no dia 5, mas vários ataques das milícias árabes conhecidas como Janjaweed foram registradas nos últimos dias

Por Agencia Estado
Atualização:

Milícias armadas quebraram repetidas vezes o cessar-fogo em Darfur, na região oeste do Sudão, desde que um acordo de paz foi assinado há quase duas semanas, informaram a União Africana (UA) e a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira. O acordo de paz foi assinado pelo governo do Sudão e o principal grupo rebelde de Darfur no dia 5 de maio em Abuja, na Nigéria, e estabelecia que todas as partes deveriam adotar um cessar-fogo em 72 horas. Grupos rebeldes que ainda não aderiram ao acordo têm até o fim de maio para assiná-lo. Tais grupos contam com um grande número de apoiadores nos campos de refugiados. A retomada da violência aconteceu depois que a UA e a ONU pressionaram outros grupos rebeldes a assinarem o acordo. As duas instituições também pediram ao governo de Cartum para que desarmasse as milícias árabes. Ataques Na segunda-feira, as milícias árabes conhecidas como Janjaweed atacaram pelo menos duas vilas no norte de Darfur, segundo informações da UA. No domingo, um grupo armado não identificado lançou um ataque separado no sul da região, de acordo com a ONU. Protestos e conflitos também ocorreram em alguns campos de refugiados, deixando pelo menos três mortos, incluindo um oficial da inteligência militar sudanesa, acrescentou a ONU. Em um protesto no sábado, cerca de mil refugiados entraram em conflito com a polícia em um acampamento em Kass, perto da cidade de Nyala, na região sul de Darfur. Policiais atiraram contra a multidão, causando a morte de um civil. Autoridades sudanesas também prenderam um número ainda não divulgado de refugiados. O governo sudanês é acusado de liberar a Janjaweed em vilas agrícolas de etnias africanas em uma campanha de assassinatos, estupros e incêndios. Em três anos, o conflito já causou a morte de mais de 180 mil pessoas e gerou 2,5 milhões de refugiados. Novos ataques aconteceram perto da cidade de Kutum, na segunda-feira, segundo a UA. "A informação é difícil de ser confirmada, mas parece que os ataques ocorreram nas proximidades da vila de Korgat", afirmou o chefe político da UA no Sudão, Abdourahman Ahmed. Segundo ele, a UA , que opera uma missão de paz com 7.300 soldados em Darfur, ainda não investigou os incidentes. Relatos da mídia local apontam que várias pessoas morreram, mas ainda não puderam ser confirmados. Ajuda internacional Na terça-feira o governo sudanês apelou às agências de ajuda internacional para que continuem enviando suprimentos para Darfur. O vice-presidente do país, Ali Osman, disse que Cartum irá enviar 20 mil toneladas de alimentos para que a ONU distribua durante a estação das chuvas, quando os refugiados estão mais vulneráveis à desnutrição. A estação começa em junho e dura cerca de cinco meses. O pedido de ajuda adicional veio depois que a redução de ajuda internacional forçou o Programa de Alimentação Mundial da ONU a reduzir a quantidade de alimentos repassada para a região. O vice-presidente pediu aos países muçulmanos, à comunidade internacional, além de cidadãos sudaneses para que forneçam mais assistência. Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução na terça-feira que irá acelerar o planejamento de uma força de paz da ONU em Darfur. A resolução foi aprovada por unanimidade e ainda ameaça "medidas duras e efetivas" contra qualquer grupo que tentar obstruir o acordo de paz.

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