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Mesmo com voos internacionais suspensos, brasileiros deportados dos EUA chegam a Confins

Avião é décimo segundo a pousar no Brasil; até o momento, 708 imigrantes ilegais retornaram ao País

Por Leonardo Augusto
Atualização:

CONFINS - Apesar da suspensão dos voos internacionais no aeroporto de Confins, na Grande Belo Horizonte, por causa da covid-19, mais um avião trazendo imigrantes ilegais brasileiros deportados pelo governo dos Estados Unidos aterrissou no início da tarde desta sexta-feira, 27, no terminal. Os últimos voos internacionais no aeroporto foram operados no dia 23. Pela primeira vez os deportados desembarcaram no Brasil usando máscaras.

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A concessionária do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte informou que a autorização para o pouso ocorreu por solidariedade depois de contato do operador do voo. Em cinco meses, este é o décimo segundo voo que chega a Confins repatriando imigrantes ilegais brasileiros. Até o momento, somando todos os aviões, o total de deportados é de 708. O voo de hoje trouxe 43 pessoas.

Um dos deportados, Gustavo Mendes, de 24 anos, desembarcou ao lado da mulher, Poliana Costa, também de 24 anos, uma filha de quatro anos e um filho de um ano e sete meses. Gustavo disse que as máscaras foram entregues ainda em El Paso, Texas, quando se preparavam, no centro de imigração, para entrar no ônibus que os levou ao aeroporto.

Nos últimos cinco meses,708 brasileiros foram deportados dos Estados Unidos Foto: Ariana Drehsler/AFP

Dentro do centro, segundo Gustavo, há um grande número de médicos. Ele disse ainda que, se há suspeita em relação a algum interno, no que se refere ao coronavírus, o imigrante é enviado para o isolamento. "O que dizem pra gente, a todo momento, é que lá dentro estamos seguros". A família, que é de Belo Horizonte, tentou, como a maior dos imigrantes ilegais brasileiros, chegar aos Estados Unidos via fronteira com o México em 11 de março.

Para outro brasileiro deportado que chegou ao Brasil nesta sexta, o motoboy William dos Santos, 35 anos, de São Paulo, um dos problemas no centro de imigração de El Paso é que, muitas vezes, os internos não comunicam que estão passando mal, por medo de irem para o isolamento. Ele afirma que, quando são enviados a esses locais, que apelidam de "geladeiras", os imigrantes ficam cinco dias com apenas um cobertor de alumínio, aquelas mantas usadas, por exemplo, por bombeiros em resgates. "Eu falei, fui mandado pra lá e fiquei cinco dias só com esse cobertor”, disse Santos.

Os voos para trazer de volta os imigrantes brasileiros ilegais são organizados pelo governo dos Estados Unidos. A concessionária do aeroporto de Confins informou que, até o momento, nenhum dos deportados que chegou ao Brasil, já durante a pandemia do coronavírus, foi enviado para o centro médico do terminal.

Segundo orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a suspeita em relação às condições de saúde de passageiros devem ser informadas ao aeroporto de destino durante o voo. Conforme a Anvisa, "as ações preventivas seguem orientações do Centro de Operações de Emergência (COE) - Coronavírus, coordenado pelo Ministério da Saúde, e da Organização Mundial da Saúde (OMS)".

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A reportagem entrou em contato com o Serviço de Imigração e Fiscalização Aduaneira dos Estados Unidos, o Immigration and Customs Enforcement (ICE) e aguarda retorno sobre possíveis novas medidas que possam ter sido adotadas nos centros de imigração do país. Nos últimos dias aumentaram os registros de casos de coronavírus nos Estados Unidos.

Sobre medidas já em vigor, a autoridade do país para a imigração informou no dia 23, data da chegada do voo anterior, que "instituiu orientações de triagem para novos detentos que chegam às instalações para identificar aqueles que atendem aos critérios do CDC (Centro de Controle de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) para risco epidemiológico de exposição ao covid-19".

Os detentos, informou o ICE à época, "com febre e/ou sintomas respiratórios que atendem a esses critérios são isolados e ficam em observação por um período de tempo especificado. A equipe do ICE consulta o departamento de saúde local, conforme apropriado, para avaliar a necessidade de testes. Os detentos sem febre ou sintomas respiratórios que atendam aos critérios de risco epidemiológico são monitorados por 14 dias".

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