Metade de americanos com aids porta HIV resistente

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Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo menos a metade dos norte-americanos submetidos a tratamento médico devido à infecção pelo vírus da aids porta uma cepa de HIV resistente a alguns dos medicamentos de uso corrente contra a doença, indica um novo estudo. Segundo o documento, a principal causa da resistência é o abuso do consumo generalizado de remédios contra o vírus HIV. A informação foi divulgada por cientistas nesta terça-feira. Os pesquisadores disseram que o mais impressionante é o desdobramento demográfico da resistência aos remédios. Ao contrário das previsões feitas em 1996, quando começaram a surgir os coquetéis de medicamentos, não são os pobres e os consumidores de drogas endovenosas que têm os mais altos índices de resistência, por não tomarem os remédios corretamente. Na verdade, o resultado mostra que são os homens brancos, homossexuais, com seguro total e altamente instruídos os mais comuns portadores dos vírus resistentes aos remédios. Uma pesquisa nacional feita pela Rand Corp., de Santa Monica, na Califórnia, e pela Universidade da Califórnia, em San Diego (UCSD), com 2.000 portadores de HIV, constatou que 64% estão agora obtendo menos benefícios dos coquetéis de medicamentos em comparação com os resultados de dois ou três anos atrás, conforme avaliação baseada nos crescentes níveis de vírus em sua corrente sanguínea. O objetivo da Highly Active Antiretroviral Therapy (Terapia Anti-retrovirótica Altamente Ativa), Haart, é reduzir o número dos vírus no sangue do paciente, fazendo-os a ficar abaixo do limite detectado nos laboratórios. Assim que os vírus conseguem ultrapassar a defesa da Haart, aumentando seu número na corrente sanguínea, os pacientes precisam mudar para outras combinações de remédios, que mantêm baixos os índices de vírus no sangue. Desde que a Haart foi adotada em 1996, muitos pacientes - a maioria, segundo o novo estudo -, mudaram de coquetel tantas vezes que agora obtêm menos benefícios em qualquer combinação contra o HIV. Entre os que apresentam esses índices crescentes de HIV no sangue, 78% têm vírus resistentes a medicamentos. Até pessoas recém-infectadas, que ainda não tomaram coquetéis terapêuticos, estão, neste final de 2001, mostrando assombrosos índices de resistência a remédios - de cada cinco, um tem vírus resistentes contraídos de parceiros, ou sexuais ou consumidores de drogas. Isso quer dizer que, segundo a mais conservadora avaliação dos dados, "metade das pessoas em tratamento nos Estados Unidos tem hoje vírus resistentes. É muito assustador", disse o pesquisador Doug Richman, especialista na UCSD.

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