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México eleva salário mínimo e presidente promete mais valorização

Comissão responsável pelo tema, formada por membros do governo, representantes de empresas e trabalhadores, subiu o pagamento diário de 88,36 para 102,68 pesos mexicanos - cerca de US$ 5; Lóprez Obrador diz que salário acompanhará inflação

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Por Redação
Atualização:

CIDADE DO MÉXICO - A comissão de salários do México informou na segunda-feira que planeja elevar em 16% o salário mínimo do país, para cerca de US$ 5 por dia e o novo presidente Andrés Manuel López Obrador prometeu novos aumentos para acompanhar a inflação.

O aumento de US$ 0,71 por dia, o maior em termos percentuais desde 1996, foi anunciado depois de dois aumentos de cerca de 10% no governo anterior, também com o objetivo de aumentar o poder de compra dos trabalhadores de baixa renda.

Novo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (C), participa do anúncio da nova política de valorização do salário mínimo Foto: REUTERS/Edgard Garrido

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Os baixos salários de muitos mexicanos alimentaram a frustração que levou à eleição com uma margem esmagadora do esquerdista López Obrador, que se comprometeu a elevar os padrões de vida para reduzir o crime e desestimular a migração para os Estados Unidos.

"Durante muitos anos o salário mínimo perdeu seu poder de compra. Alguns dizem que ele perdeu 70% do poder de compra nos últimos 30 anos", disse o presidente, que assumiu o cargo em 1º de dezembro.

"Nunca teremos (aumentos dos) salários abaixo da inflação", prometeu López Obrador em um evento com a comissão de salários, formada por membros do governo, representantes de empresas e trabalhadores.

A taxa anual de inflação do México está em aproximadamente 4,7%, acima do objetivo do Banco Central do país, de 3%.

Uma das principais questões abordadas pelo presidente americano, Donald Trump, ao renegociar o Acordo de Livre Comércio EUA-Canadá-México foi o menor salário do México em comparação com o dos outros dois países, o que o governo mexicano a atrair empresas estrangeiras e criar empregos, mas também encoraja a migração para os Estados Unidos.

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Uma nova versão do pacto assinado em novembro inclui disposições para reduzir a diferença salarial entre os países, incluindo uma promessa do México de elevar os salários dos trabalhadores do setor automobilístico e reformar as leis trabalhistas que enfraqueceram os sindicatos independentes.

A comissão de salários disse que o aumento do salário mínimo passará a valer em 1º de janeiro. Na moeda local, o valor passará de 88,36 o pesos mexicanos para 102,68 o pesos mexicanos.

A confederação de empregadores mexicanos, a Coparmex, disse em um comunicado que, na região até 25 quilômetros da fronteira dos EUA, o mínimo será aumentado para 176,72 pesos por dia - López Obrador pediu que o salário mínimo dobre nos Estados do norte próximos aos Estados Unidos.

Os mercados receberam bem o primeiro orçamento de López Obrador, entregue no sábado, por se comprometer a manter a disciplina fiscal. Mas a política salarial levantou preocupações sobre seu efeito nos preços e nas taxas de juros.

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Até agora, os aumentos do salário mínimo no país não influenciaram as demandas salariais em geral, mas o banco central alertou no mês passado que a indexação dos salários à inflação poderia levar a uma espiral ascendente de preços.

Benito Berber, economista-chefe para a América Latina da Natixis, disse que a política pode pressionar o banco central a elevar as taxas de juros já nesta quinta-feira.

"Parece que o governo está disposto a aceitar uma inflação mais alta e, talvez, uma inflação mais rígida", disse Berber. "O Banxico (o banco central do México) foi taxativo de que os aumentos salariais acima da produtividade implicariam uma política monetária restritiva." / REUTERS

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