México promete investigação profunda sobre acidente no metrô

Presidente Andrés Manuel López Obrador e a prefeita da capital, Claudia Sheinbaum, prometeram investigação detalhada e independente

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Por Alexander Martínez e Jean Arce
Atualização:

CIDADE DO MÉXICO - O México iniciou na terça-feira, 4, a busca pelos responsáveis no acidente ocorrido no metrô da capital, que matou 25 pessoas quando um viaduto desabou em uma linha que já apresentava problemas de infraestrutura e operação.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, prometeu nesta terça-feira uma investigação profunda da tragédia.

"Teremos uma investigação exaustiva, sem considerações de qualquer espécie, procurando a verdade (...), a partir disto será apurada a responsabilidade", disse López Obrador.

Havia preocupação com a integridade dos trilhos elevados e as colunas de apoio no trecho de trilhos onde ocorreu o acidente de segunda-feira Foto: Alejandro Cegarra/NYT

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Ele explicou que o inquérito está nas mãos das Procuradorias Federal e da Cidade do México, que receberão o apoio de especialistas internacionais independentes.

A Linha 12, onde ocorreu o acidente, foi construída e inaugurada em 30 de outubro de 2012, durante o mandato do ex-prefeito Marcelo Ebrard (2006-2012), atual ministro das Relações Exteriores. 

Após o acidente, a imprensa local retomou as polêmicas que surgiram durante a construção deste trecho de cerca de 25 km, além dos seus problemas operacionais recorrentes. 

Desde o início das operações, foram detectados desgastes nos trilhos e nas rodas dos trens. Esse fato fez com que, em março de 2014, Miguel Mancera, sucessor de Ebrard, suspendesse o serviço em 12 estações. 

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Acidente na Cidade do Méxicodeixou mortos e feridos Foto: Fernando Llano/AP

Depois, um estudo concluiu que havia problemas com o projeto, a operação e a manutenção dos trilhos. 

O trecho onde ocorreu o acidente foi construído por uma empresa de Carlos Slim, reconheceu um porta-voz do magnata mexicano. Ele explicou que aguardará a perícia. 

Ebrard, presente na entrevista coletiva do presidente, afirmou lamentar pelo "dia triste para todos" e disse colocar-se "à inteira disposição das autoridades".

Investigação a fundo

Claudia Sheinbaum, prefeita da Cidade do México, garantiu em coletiva de imprensa que uma empresa norueguesa realizará a perícia.

"O compromisso (...) é ir a fundo sobre esse terrível incidente, que haja responsáveis, com a investigação autônoma e independente do Ministério Público", ressaltou. 

Ricardo de la Torre, morador da região, disse à AFP que a passagem do trem produz uma forte vibração nas casas.

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"Realmente, pelas manhãs, quando os trens começam a circular, para o serviço, você sente de casa. Por este simples fato sabemos que a construção é ruim", disse.

Imagens das câmeras de segurança registraram como, rapidamente, a enorme estrutura desabou, causando uma nuvem de poeira. 

Os vizinhos da área correram para ajudar os sobreviventes, mais tarde sendo substituídos por dezenas de bombeiros e equipes de resgate.

Os 25 mortos já foram identificados e os corpos foram entregues às famílias, informou o MP. 

José Luis Vigil ajudou na busca de um vizinho e de sua esposa, que teve o carro coberto por escombros. 

José Martínez, trabalhador que utiliza a linha de metrô em direção Tláhuac, contou emocionado que escapou do acidente porque não conseguiu chegar a tempo de embarcar depois de sair do trabalho.

"Me salvei por 15 minutos", disse.

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Alguns passageiros do metrô ficaram com medo, principalmente em linhas, como a 4, que passa por viadutos. 

"Há mais de 10 anos que uso essa mesma linha para trabalhar e nunca vi ninguém cuidando de nada", contou à AFP Fernando Domínguez, um segurança particular, de 42 anos.

Responsabilidades

O acidente foi o segundo no metrô mexicano este ano.

Em janeiro, um incêndio nas instalações de controle deixou um morto e 29 pessoas intoxicadas. 

Em março de 2020, dois trens bateram dentro de uma estação, acidente que teve o balanço de uma vítima fatal e 41 feridos.

O metrô da Cidade do México, inaugurado em 1969, é um dos principais meios de transporte da capital e sua zona metropolitana, onde vivem quase 20 milhões de pessoas.

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