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Mianmar corta acesso à internet em todo o país

Bloqueio coincide com as primeiras manifestações em massa contra o golpe dado pelos militares na segunda-feira

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Por Redação
Atualização:

YANGON - A junta militar de Mianmar ordenou neste sábado, 6, o corte do acesso à internet em todo o país, coincidindo com as primeiras manifestações em massa contra o golpe de segunda-feira, informaram várias fontes.

A transmissão ao vivo nas redes sociais dos protestos foi repentinamente interrompida, enquanto várias pessoas confirmaram à Efe que as comunicações via aplicativos móveis caíram, embora as linhas telefônicas ainda estejam funcionando.

Manifestantes fazem uma saudação de três dedos, um símbolo de resistência, enquanto se manifestam contra o golpe militar em Mianmar Foto: EFE/EPA/NYEIN CHAN NAING

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A ONG Anistia Internacional (AI) denuncia que o governo militar ordenou que todas as empresas de telecomunicações fechem a internet até a próxima segunda-feira. "Os militares devem restaurar todas as telecomunicações imediatamente e parar de colocar em risco os direitos das pessoas. Todas as operadoras móveis e provedores de telecomunicações em Mianmar devem solicitar um esclarecimento urgente das autoridades", disse o vice-diretor regional da Birmânia em um comunicado. Campanha da AI, Ming Yu Hah.

Milhares de pessoas saíram às ruas de Yangon esta manhã, a antiga capital e a cidade mais populosa do país, para demonstrar sua rejeição à nova junta militar, liderada pelo chefe das Forças Armadas, General Min Aung Hlaing.

Antes de a transmissão ser interrompida, os manifestantes estavam em frente a várias unidades da polícia, vestidos com equipamento anti-motim.

“Mianmar registra apagão de internet em todo o país. Desde a manhã de sábado, a conexão em todo o país caiu 54% em relação aos níveis habituais, os usuários estão tendo dificuldades para se conectar à internet”, destacou o portal de rastreamento Netblocks antes do bloqueio total.

Os militares, que já governaram o país com punho de ferro de 1962 a 2011, tomaram o poder na segunda-feira, alegando fraude massiva nas eleições de novembro, onde o partido liderado pelo Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi conquistou a vitória em 83% dos assentos em disputa.

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Para tentar conter o incipiente movimento de desobediência civil que se iniciou, a junta militar já ordenou nos últimos dias o bloqueio do acesso às redes sociais Facebook, e a algumas de suas plataformas como Instagram ou WhatsApp, além do Twitter.

Apesar da realização de eleições e do processo iniciado em 2011 em Mianmar em direção a uma "democracia disciplinada", como os uniformizados a chamam, o Exército ainda mantinha amplo controle sobre os aspectos políticos e econômicos do país./EFE 

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