RANGUM, Mianmar - O governo de Mianmar criticou nesta quarta-feira, 29, a investigação especial da Organização das Nações Unidas (ONU) que acusou militares do país de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade em razão dos ataques contra a população rohingya. Os resultados das apurações foram divulgadas nesta segunda-feira, 27, e apontaram os principais generais do país como responsáveis pelos crimes, incluindo o comandante-chefe Min Aung Hlaing.
Nessa terça-feira, 28, vários países, entre eles os Estados Unidos, aprovaram a ideia de levar os militares à corte internacional.
"Não autorizamos a missão da ONU a entrar em Mianmar e, por isso, não aceitaremos nenhuma resolução do Conselho de Direitos Humanos", declarou o porta-voz do governo mianmarense, Zaw Htay. Segundo ele, será criada uma "comissão de investigação independente" para apurar "as falsas acusações das agências da ONU".
Segundo as investigações da ONU, os principais generais de Mianmar, incluindo o comandante-chefe Min Aung Hlaing, deveriam ser processados por genocídio contra os rohingya, dos quais mais de 700 mil fugiram para Bangladesh após uma ofensiva do exército mianmarense em agosto do ano passado, lançada em resposta a ataques de rebeldes rohingya contra postos fronteiriços.
Desde a divulgação dos documentos, o comandante Min Aung Hlaing não comentou o caso.
A investigação da ONU também denunciou a omissão de Aung San Suu Kyi, laureada com o Nobel da Paz de 1991, atual conselheira de Estado, o mais alto cargo civil de Mianmar. Ela é criticada por não agir para conter violações de direitos humanos.
O Facebook também foi acusado de omissão em seu papel na propagação de discurso de ódio em sua plataforma. Como resposta, a direção da rede social classificou a violência em Mianmar como "verdadeiramente horrível" e retirou do ar o perfil do comandante Min Aung Hlaing. A medida foi criticada por Mianmar, que afirmou ser uma decisão contrária aos esforços do governo para uma "reconciliação nacional".
O Conselho de Segurança da ONU analisará os resultados das investigações, porém as chances de uma resolução sobre o genocídio rohingya ser aprovada são baixas devido ao poder de veto da China e da Rússia, membros permanentes do conselho. //AFP