''Mianmar está perto de catástrofe''

Alerta é da britânica Oxfam; sem saneamento básico, epidemias aumentariam número de vítimas

PUBLICIDADE

Por AP E GUARDIAN
Atualização:

Agências de assistência humanitária e especialistas alertaram ontem que, sem um socorro rápido e eficiente, o número de mortes em decorrência do ciclone Nargis, em Mianmar, pode aumentar significativamente. Sarah Ireland, uma das diretoras da fundação britânica Oxfam, disse ontem que 1,5 milhão de pessoas estão à beira de uma "maciça catástrofe de saúde pública" se algumas regiões do país não receberem água potável e saneamento básico urgente. A ONU estima que a tragédia já deixou entre 60 mil e 100 mil mortos e 220 mil desaparecidos. Oficialmente, a junta militar do Mianmar admite haver 29 mil mortos e 33,5 mil desaparecidos. "Além dos 100 mil que podem ter morrido no ciclone, há nesse caso todos os ingredientes para uma catástrofe em termos de saúde pública que pode multiplicar o número de vítimas", disse Sarah. "Nos dias que se seguiram ao tsunami (2005), só não houve epidemias porque todos os governos se mobilizaram e a ajuda humanitária foi grande, o que não está ocorrendo agora." O Comitê de Resgate Internacional, organização de ajuda humanitária americana, também ressaltou que o pior não passou. "Se não houver uma gigantesca e rápida ajuda em remédios, alimentos e médicos para as áreas mais afetadas, teremos uma tragédia de escala inimaginável", disse Greg Beck, um dos diretores da organização. Ontem, o ministro britânico de Relações Exteriores, David Miliband, alertou para a possibilidade de ocorrer o que chamou de "catástrofe de proporções épicas". Para ele, o regime birmanês foi "negligente" ao lidar com a tragédia. Segundo a ONU, apenas um quarto da população afetada recebeu ajuda até agora. Douglas Alexander, secretário britânico de Desenvolvimento Internacional, também demonstrou temor de que o número de vítimas seja bem maior que os 100 mil previstos. Contudo, em entrevista à BBC, afirmou que está otimista quanto à possibilidade de o governo de Mianmar facilitar a entrada de ajuda humanitária. No sábado, um comboio com 22 toneladas de alimentos cruzou a fronteira com a Tailândia. A má notícia foi que um navio da Cruz Vermelha, que levava arroz, água, colchões e sabão, naufragou após ter seu casco danificado por uma árvore submersa. Apesar de ter perdido a carga, a tripulação se salvou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.