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Migrantes fazem raro protesto em província chinesa

Ativistas cercam delegacias em Zhejiang e denunciam maus-tratos

Por Cláudia Trevisan
Atualização:

A menos de um mês do início da Olimpíada, a China registrou um novo caso de fúria social, desta vez envolvendo trabalhadores migrantes que cercaram uma delegacia de polícia e destruíram carros e motos em Kanmen, na Província de Zhejiang, na próspera costa leste. Os protestos envolveram centenas de pessoas, duraram três dias e só foram controlados no domingo com a chegada de 300 policiais à cidade e a prisão de 30 pessoas, segundo a entidade Information Center for Human Rights and Democracy, de Hong Kong. Segundo a organização, as manifestações começaram depois que policiais bateram em um trabalhador migrante que tentava obter registro de residência em Kanmen - requisito para ele não ser considerado um "ilegal" dentro de seu próprio país. As autoridades locais afirmam que o incidente envolveu apenas 20 pessoas e o trabalhador migrante estava bêbado e se feriu sozinho ao cair na calçada. Este é o quarto caso em menos de um mês de confrontos entre a população e autoridades locais. Em 28 de junho, cerca de 30 mil pessoas tomaram as ruas de Weng?an, em Guizhou, no sudoeste chinês, para protestar contra o resultado das investigações sobre a morte de uma adolescente de 17 anos. O inquérito concluiu que a estudante se suicidou, mas sua família sustenta que ela foi estuprada e assassinada e a polícia tenta proteger os autores do crime, que teriam ligações com [O SHOW]dirigentes locais d[/O SHOW]o Partido Comunista. Em Xangai, a maior e mais rica cidade do país, o desempregado Yang Jia invadiu uma delegacia de polícia no dia 1º deste mês, matou seis policiais e feriu outros quatro. Aparentemente, ele tentava se vingar do fato de ter sido detido e interrogado no ano passado por um crime que não teria cometido. No dia seguinte, um homem explodiu um edifício público em Zhangjiajie, na Província de Hunan, deixando 12 pessoas feridas. A versão oficial é de que ele pretendia se vingar pela demolição de um prédio de sua propriedade que havia sido erguido de forma irregular. A ocorrência de ataques violentos contra autoridades levaram o jornal oficial China Daily a publicar um editorial pouco comum no dia 4, referindo-se aos três primeiros incidentes. Sob o título "Tempo para Introspecção", o texto observava que todos os episódios envolviam descontentamento em relação às autoridades locais e propunha uma reflexão sobre as razões que levaram à violência.

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