Milhares de estudantes vão às ruas da Catalunha para defender plebiscito

Com bandeiras da região e aos gritos de 'votaremos' e 'independência', quase 10.000 secundaristas e universitários protestaram em Barcelona a favor de votação; zagueiro Gerard Piqué usa conta no Twitter para apoiar realização de consulta

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BARCELONA - Milhares de estudantes em greve saíram às ruas de Barcelona nesta quinta-feira, 28, como parte da "mobilização permanente" dos separatistas catalães, a três dias do plebiscito de independência proibido pela Justiça espanhola.

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Com a bandeira do movimento e aos gritos de "votaremos" e "independência", quase 10.000 estudantes caminharam pela Grande Via das Cortes Catalãs, uma das principais avenidas da cidade.

Cerca de 10 mil estudantes catalães foram às ruas para defender realização de plebiscito separatista Foto: REUTERS/Juan Medina

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Universitários e alunos do Ensino Médio defendem a celebração da consulta, contra a qual o governo e a Justiça espanhola mobilizaram um amplo dispositivo legal e policial.

"A maioria dos jovens é separatista. Os que não eram se tornaram separatistas depois de ver o que a Espanha fez nas últimas semanas", disse a estudante Aina González, de 16 anos.

"Se uma quantidade tão grande como a de hoje na Catalunha deseja a separação do país, então, devem deixar que votem", afirmou Pau Cabrinety, de 15 anos.

A mobilização estudantil pode provocar a ocupação dos colégios que seriam usados como locais de votação no domingo. A consulta divide profundamente a sociedade catalã entre separatistas e partidários da continuidade na Espanha, provocando uma das maiores crises políticas do país nas últimas décadas.

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"Este plebiscito não soluciona. É mais um problema, porque confronta os dois grupos da Catalunha", declarou Alex Ramos, vice-presidente da associação Sociedade Civil Catalã (SCC), contrária à separação.

A Justiça ordenou à polícia regional, os Mossos d'Esquadra, o fechamento dos colégios no mais tardar até sexta-feira à noite, mas a força de segurança hesita e já advertiu para o "risco" de distúrbios na aplicação da ordem.

O Ministério espanhol do Interior tentou enviar uma mensagem de tranquilidade. "Se for cumprido o que o juiz estabelece, que não se podem abrir os colégios, não há motivo para uma resposta violenta por parte de ninguém, e confio que será assim", disse o secretário de Estado de Segurança, José Antonio Nieto.

Nos últimos dias, com o objetivo de impedir o plebiscito, milhares de reforços da Guarda Civil e da Polícia Nacional foram mobilizados pelo governo espanhol na Catalunha, o que foi denunciado pelos separatistas como uma medida de "repressão".

Os representantes de sindicatos da Polícia afirmaram que sua presença na região é motivada pela "defesa da lei e em apoio a juízes e promotores, e não para perseguir ideias, urnas, ou cédulas".

"Domingo vai ser um dia pacífico, nem a Polícia espanhola nem a catalã são polícias repressoras. Nós não viemos em pé de guerra, viemos para que seja um dia em que a lei será cumprida", declarou a secretária-geral do Sindicato Unificado de Polícia, Mónica Gracia.

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O zagueiro do Barcelona e da seleção espanhola, Gerard Piqué, se manifestou nesta quinta-feira em favor do plebiscito de autodeterminação da região.

"De hoje até domingo, nos expressaremos pacificamente. Não vamos lhes dar desculpas (para reagirem). É o que querem. Vamos cantar alto e forte. #votaremos", escreveu o jogador em sua conta no Twitter.

Até o começo da tarde, a mensagem tinha recebido mais de 3 mil comentários, 38 mil curtidas e tinha sido compartilhada outras 23 mil vezes.

Desta forma, Piqué reiterou sua posição favorável à votação. "Estou totalmente de acordo com o direito dos catalães decidirem", disse o zagueiro no fim do ano passado.

As declarações do jogador o transformaram em alvo de vais nos últimos jogos da seleção espanhola por parte da torcida, que o considera um independentista, apesar de ele nunca ter se expressado claramente neste sentido. / AFP

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