WASHINGTON - Os EUA viram a maior manifestação de sua história no dia seguinte à posse de Donald Trump com a Marcha das Mulheres, replicada em dezenas de cidades ao redor do mundo. Neste sábado, 29, milhares de pessoas voltaram a ocupar o centro de Washington e outras cidades americanas para protestar contra as políticas do presidente, principalmente na área ambiental.
Os 100 dias que separam os dois eventos foram marcados pelo renascimento do ativismo político nos EUA, com inúmeros protestos espontâneos e organizados. Quando Trump assinou o decreto que barrava a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana no país, milhares de pessoas cercaram aeroportos para protestar contra a medida e manifestar apoio aos que foram detidos na imigração.
Há oito dias, uma multidão se reuniu nas imediações da Casa Branca em defesa da ciência e do uso de fatos objetivos na formulação de políticas públicas. A administração do republicano é dominada por pessoas que não acreditam que o aquecimento global é consequência da ação humana, entre as quais o próprio presidente. Na semana anterior, outra marcha exigia a divulgação da declaração de Imposto de Renda de Trump, o primeiro ocupante da Casa Branca desde Richard Nixon a não tornar público o documento.
A estudante de Biologia Cara Adams, de 19 anos, viajou do Estado de Nova York a Washington para estar no protesto deste sábado, o primeiro do qual participou em sua vida. "O aquecimento global está acontecendo em um ritmo tão alarmante que se não fizermos algo será tarde demais", afirmou. "Muita gente diz que é importante, mas temos que sair às ruas e fazer alguma coisa."
Cara viajou com as amigas Reba Schnyder, de 21 anos, e Jessie Picone, de 20, que já haviam feito sua estreia em manifestações contra Trump antes deste protesto. Reba participou da Marcha das Mulheres e Jessie esteve em um dos protestos intitulados "ele (Trump) não é o meu presidente".
Ativista ambiental há anos, Lindsey Kohlenburg acredita que a mudança de governo levou ao surgimento de uma nova onda de ativismo nos EUA. "Nós vivemos em uma democracia, mas temos sido cidadãos muito preguiçosos. A eleição de Trump nos ensinou que não podemos mais manter essa atitude. Nós temos que nos levantar e defender nossos valores", disse Lindsey.
Principal entidade de defesa dos direitos civis no país, a American Civil Liberties Union (ACLU) disse que seu número de filiados quadruplicou desde a posse de Trump, em um forte indício de engajamento. "A América não viu uma ativismo nessa escala desde os protestos contra a Guerra do Vietnã e pelos direitos civis", disse o diretor-executivo da entidade, Anthony Romero.