Milhares de mulheres, homens e crianças foram estuprados na guerra da Síria, diz relatório da ONU

Os atos, considerados crimes de guerra, foram cometidos tanto por forças do governo e milícias aliadas quanto por grupos rebeldes

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Por Redação
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NOVA YORK - Forças do governo da Síria e milícias aliadas estupraram e agrediram sexualmente mulheres, meninas e homens como forma de punir comunidades opositoras – atos que constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade, disseram investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira (15).

Em um relatório desalentador, eles revelaram que grupos rebeldes envolvidos na prolongada guerra civil síria também cometeram crimes de violência sexual e tortura, mas estes foram "consideravelmente menos comuns".

Moradores de Ghouta, controlada por rebeldes, fogem da ofensiva das forças sírias Foto: REUTERS/Omar Sanadiki

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O relatório também informou que militantes do Estado Islâmico executaram mulheres e meninas por apedrejamento em razão de supostos adultérios, obrigaram meninas a se casar e perseguiram homens homossexuais.

"É absolutamente repugnante que atos brutais de violência sexual e de gênero tenham continuado a ser cometidos por toda a Síria durante sete anos pela maioria das partes em guerra", disse o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, diretor da Comissão de Inquérito da ONU, em um evento da entidade.

O relatório, publicado no momento em que a Síria entra no oitavo ano do conflito, teve como base 454 entrevistas com sobreviventes, parentes, testemunhas, desertores e pessoal médico. O documento recomendou ao Conselho de Segurança da ONU que encaminhe suas descobertas ao Tribunal Penal Internacional para a abertura de possíveis processos.

Karen AbuZayd, comissário americano da Comissão, disse que os casos documentados representam "a ponta do iceberg".

Forças do governo estupraram civis durante buscas em casas e operações terrestres nos estágios iniciais dos combates, e mais tarde em postos de segurança e instalações de detenção, segundo o relatório. A vítima mais jovem de que se tem conhecimento foi uma menina de 9 anos.

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"O estupro de mulheres e meninas foi documentado em 20 repartições políticas do governo e da inteligência militar, e o estupro de homens e meninos foi documentado em 15 repartições", disseram os investigadores de crimes de guerra da ONU.

Os especialistas independentes – que compilam listas confidenciais de suspeitos desde 2011 – não identificaram os responsáveis individualmente, mas disseram ter documentado "numerosos" casos de estupros cometidos por autoridades de alto escalão. / REUTERS