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Milhares de palestinos prestam apoio ao Hamas

A população não culpa o governo do Hamas pela crise econômica da Autoridade Palestina e foi às ruas para protestar contra o boicote do ocidente

Por Agencia Estado
Atualização:

Milhares de palestinos marcharam na Faixa de Gaza e na Cisjordânia nesta sexta-feira manifestando seu apoio ao governo liderado pelo Hamas e pedindo que o grupo extremista mantenha sua postura desafiadora mesmo diante do boicote econômico do Ocidente. Os Estados Unidos e a União Européia, entre outros países ocidentais, decidiram interromper as ajuda financeiras ao Governo da Autoridade Palestina (AP) até que o Hamas aceite a existência de Israel e renuncie à violência. O Hamas se recusa a atender tais exigências, mesmo com os apelos do presidente da AP, Mahmoud Abbas, e a intensa pressão econômica de doadores do Ocidente. O corte de ajuda internacional, aliado à suspensão de taxas e impostos alfandegários para os palestinos, deixaram a ANP em uma grave crise econômica. Faz dois meses que o governo não consegue pagar os salários de seus 165 mil funcionários. Apoio ao Hamas As demonstrações desta sexta-feira assinalaram que a população palestina não culpa o governo do Hamas pelos problemas econômicos. Em uma tentativa de levantar o moral do povo, o Hamas pediu que os palestinos fossem às ruas para protestar contra o corte de ajuda financeira. Durante os protestos, líderes do Hamas pediram a árabes e muçulmanos em todo o mundo que boicotem produtos de países que estão bloqueando as doações. Na cidade de Gaza, manifestantes queimaram bandeiras dos Estados Unidos, Israel e da Inglaterra. Em Ramallah, na Cisjordânia, militantes do Hamas coletaram doações de centenas de partidários, incluindo mulheres que doaram seus colares e anéis. "Coletar doações do povo não resolverá o problema mas é um símbolo para países árabes e muçulmanos, pois quando eles virem que doamos para nosso governo eles vão começar a fazer o mesmo", afirmou o legislador do Hamas, Ibrahim Abu Salem. Cerca de 2.500 palestinos fizeram uma manifestação na cidade cisjordaniana de Nablus. Fontes palestinas disseram que os manifestantes marcharam pelas ruas de Nablus, assim como de outras cidades da Cisjordânia, gritando frases contra os EUA e reivindicando seu apoio ao Governo da ANP. O primeiro-ministro palestino Ismail Haniye convocou as manifestações em Gaza e disse que empresários sauditas prometeram uma ajuda de mais de US$4 milhões. O grupo extremista pediu ajuda ao mundo muçulmano, levantando mais de US$ 70 milhões em doações. Mas afirma que a pressão americana em bancos locais tornou impossível a transferência do dinheiro para os palestinos. Desde que o Hamas derrotou a Fatah nas eleições parlamentares em janeiro, Abbas tem discutido com o grupo sobre a divisão de poder. Ao mesmo tempo, pediu que o ocidente restaure as doações. Fundo da UE Em uma tentativa de impedir a crise humanitária, a União Européia (UE) propôs a criação de um fundo para que a ajuda financeira chegue aos palestinos sem passar pelo governo do Hamas. O fundo seria administrado pela UE, juntamente com Estados Unidos, Rússia e as Nações Unidas (ONU), que formam o Quarteto. A Comissária de Relações Externas da UE, Benita Ferrero-Waldner, disse que o fundo, que deve ser discutido em uma reunião do Quarteto na semana que vem, permitiria que a comunidade internacional ajude a população evitando contato com o Hamas. Segundo ela, a UE já preparou um pacote de emergência de US$ 43 milhões para educação e saúde que seria distribuído pelo proposto fundo. Negociações de paz As manifestações aconteceram depois que o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert recusou a oferta do presidente da Autoridade Palestina (AP) para reiniciar as negociações de paz. Oficiais palestinos afirmam que Abbas telefonou para Olmert para parabenizá-lo pela formação de seu novo governo, que foi aprovado na quinta-feira. Assistentes do premier disseram que uma reunião com Abbas seria possível, mas descartaram negociações enquanto o governo liderado pelo Hamas se recusar a reconhecer Israel e renunciar a violência. Com o Hamas no poder, o processo de paz com Israel tem poucas chances de recomeçar. Olmert Afirmou na quinta-feira que está determinado a estabelecer as fronteiras finais de Israel nos próximos anos, com ou sem um acordo com os palestinos. Olmert disse que seu plano estabelece o desmantelamento de pequenos assentamentos judeus na Cisjordânia. E afirmou que pretende manter assentamentos maiores como parte de seu plano de "consolidação".

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