Milhares de pessoas fogem de Mogadíscio, diz ONU

Representante da organização aponta violência como principal motivo de êxodo

O coordenador humanitário da ONU para a Somália, Eric Laroche, denunciou nesta sexta-feira, 23, a "situação trágica" vivida em Mogadiscio, de onde dezenas de milhares de pessoas fogem por conta dos confrontos que se sucedem há dois dias na capital somali. "Esta é uma situação trágica. Dezenas de milhares de pessoas estão fugindo de Mogadiscio e as vítimas civis aumentam a cada dia", disse Laroche, que, em comunicado divulgado em Nairóbi, pediu o fim da violência e o respeito aos civis. Cerca de 70 pessoas morreram nos últimos dois dias em intensos confrontos entre tropas regulares e milicianos islâmicos. Na quarta-feira, os insurgentes arrastaram pelas ruas os corpos de vários soldados, em uma cena que lembrou a acontecida durante a intervenção americana de 1993, quando um helicóptero Black Hawk foi derrubado e os marines americanos foram arrastados pelas avenidas da capital somali. "Os corpos serem arrastados pelas ruas é uma coisa de bárbaros e é uma grave violação do Direito Internacional Humanitário. Estes atos devem acabar imediatamente", acrescentou. A ONU calcula que cerca de 40.000 pessoas tenham fugido de Mogadiscio durante o mês de fevereiro devido à violência. A Somália vive sem um governo que tenha conseguido impor sua autoridade a todo o território nacional desde 1991, quando foi derrubado o ditador Mohammed Siad Barre.