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Milhares protestam na Espanha contra violência no País Basco

Manifestantes cantaram slogans contra o terrorismo, exibindo pedidos pela paz

Por Agencia Estado
Atualização:

Centenas de milhares de espanhóis, grande parte em silêncio, marcharam pela paz no sábado, duas semanas após o grupo separatista basco ETA quebrar o "cessar-fogo permanente", que durou nove meses, com um ataque com carro bomba. Manifestantes em Madri, Bilbao e outras cidades espanholas carregavam faixas com slogans como "Pela paz --contra o terrorismo", "Nós somos todos vítimas do ETA" e "A paz é uma tarefa de todos nós". Os protestos, que causaram brigas políticas sobre quem deveria participar e sob qual slogan, ocorreram depois que o ETA assumiu responsabilidade pela bomba no aeroporto de Barajas, em Madri, que matou duas pessoas. A marcha finalmente foi iniciada sob o slogan "Pela paz, vida e liberdade e contra o terrorismo." A disputa levou à ausência do oposicionista Partido Popular da marcha em Madri, sendo essa a primeira vez que um partido importante não comparece a uma manifestação anti-ETA desde que a democracia retornou à Espanha, na década de 1970. A decisão acabou gerando outros slogans, como "Ausências ajudam o ETA" e "onde está Gallardon?", em referência ao prefeito de Madri, Alberto Ruiz Gallardon, integrante do Partido Popular. O Batasuna, braço político banido do ETA, recusou-se a juntar à marcha em Bilbao porque o slogan do protesto incluía a frase "Nós exigimos que o ETA encerre a violência". A prefeitura de Bilbao estimou que cerca de 80 mil pessoas participaram do protesto na cidade basca. Desde a explosão, o governo espanhol rompeu o processo de paz que muitos esperavam poderia ajudar a encerrar a violenta campanha do ETA pela independência do País Basco. Mais de 800 pessoas foram mortas em aproximadamente quatro décadas de violência. O Partido Popular, liderado por Mariano Rajoy, dissera que se juntaria à marcha em Madri se o slogan contivesse a palavra "liberdade". Mas quando a palavra foi incluída, o partido decidiu que não participaria mesmo assim e exigiu que ambas as marchas fossem canceladas, acusando o governo de não ter uma política anti-terror realista. No início desta semana, o ETA reafirmou o cessar-fogo declarado em março, mas simultaneamente clamou responsabilidade pela bomba em Barajas e ameaçou outras ações. Desde a explosão, o governo tem estado sob intensa pressão do Partido Popular para que diga qual será sua política para a região basca. O primeiro-ministro socialista Jose Luis Rodrigues Zapatero irá ao parlamento na segunda-feira para discutir a questão, mas não estará na marcha de Madri convocada por sindicatos e um grupo representando imigrantes equatorianos, nacionalidade de ambas as vítimas da bomba. Outro grupo, a Associação de Vítimas Contra o Terrorismo, que já organizou grandes marchas anti-ETA no passado apoiada pelo Partido Popular, também está boicotando o protesto porque diz que este é uma ato que apóia "negociação com terroristas."

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