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Milícias destroem vilas a caminho de Gori

Tropas irregulares de ossétios e cossacos saqueiam e põem fogo em casas e veículos enquanto acompanham ofensiva russa na Geórgia

Por AP e AFP E GUARDIAN
Atualização:

A cidade de Gori e várias vilas no entorno foram incendiadas e saqueadas ontem por milícias que acompanhavam as forças russas que entraram em território georgiano a partir da província separatista da Ossétia do Sul, afirmaram testemunhas. Segundo os relatos, as tropas irregulares - formadas por supostos milicianos cossacos e ossétios - exigiam que a população hasteasse bandeiras ou lenços brancos se não quisessem sofrer disparos. "As pessoas estão fugindo (para a capital, Tbilisi), há pânico absoluto", afirmou Luke Harding, correspondente do jornal britânico Guardian. Os milicianos que acompanhavam os tanques russos passaram pela vila de Rekha às 11h20 locais (4h20, horário de Brasília), espalhando o terror. "De acordo com testemunhas, eles realizaram saques e seqüestraram crianças. Mataram três pessoas e puseram fogo no local", afirmou o jornalista britânico. Era possível avistar fumaça negra subindo das vilas de Karaleti, Ergneti e Borgneti. Um funcionário do Ministério de Relações Exteriores da Geórgia afirmou que passageiros de quatro carros civis foram encontrados mortos na vila de Tedotsminda. Autoridades da Geórgia disseram que soldados russos entraram ontem na estratégica Gori, localizada em um vale que liga o leste e o oeste do país. Tbilisi também disse que a cidade foi bombardeada. SAQUES O chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou que as ações na área se resumiam a "remover equipamentos e munição" encontrados em um depósito militar próximo de Gori. Um repórter da BBC, porém, relatou ter visto milicianos ossétios saquearem carros, casas e incendiarem edifícios enquanto as tropas russas passavam pela cidade - que fica a 90 quilômetros de Tbilisi e a apenas 45 minutos de carro da capital da Ossétia do Sul, Tskinvali. O chefe do Conselho de Segurança da Geórgia, Alexander Lomaia, disse que as ações "foram uma flagrante quebra do cessar-fogo" (leia mais na página A12). Testemunhas relataram que a Rússia estabeleceu pelo menos dois postos de controle a alguns quilômetros da cidade. Centenas de milicianos ossétios e também soldados russos, segundo um repórter da France Press, passaram de casa em casa nos povoados no caminho até Gori, roubando televisores e outros pertences. O trânsito na estrada entre a cidade georgiana e a Ossétia do Sul era intenso, com veículos lotados com os objetos usurpados durante os saques. "Peguem o que quiserem, é grátis", disse um soldado russo vestindo um óculos de sol dentro de uma BMW - tanto o carro quanto os óculos teriam sido roubados, segundo a France Press. Alguns milicianos e soldados russos foram vistos saindo de lojas e bares com pacotes de cigarros e garrafas de cerveja e conhaque. "Da próxima vez deveríamos invadir a Turquia. É muito divertido", disse outro militar, bebendo garrafas de cerveja georgiana. A caminho de Gori, um militar russo justificou as ações afirmando que, durante à noite, a Geórgia havia quebrado o cessar-fogo ao posicionar franco-atiradores na região.

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