Milícias pró-governo adentram cidade islâmica na Somália

Rebeldes islâmicos alegaram ter ficado sob ataque de tropas pró-governo

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Por Agencia Estado
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Centenas de milicianos leais ao governo interino da Somália se reuniram em uma importante cidade tomada por seus rivais islâmicos, expandindo territórios sob seu controle, relataram residentes e autoridades nesta segunda-feira. A concentração na cidade central de Galkayo segue a captura de milicianos islâmicas no domingo em outra cidade central, Bandiradley. As milícias islâmicas alegaram terem ficado sob ataque de milicianos pró-governo apoiados por tropas da Etiópia perto da fronteira com o país. Cerca de 300 soldados etíopes com 15 caminhonetes equipadas com metralhadoras também chegaram a Gulkayo na segunda-feira, disse um empresário da cidade. Ele falou sob a condição de anonimato por temer represálias. A Etiópia negou ter tropas apoiando forças aliadas ao governo, e diz que tem apenas algumas centenas de conselheiros militares na Somália. Conflitos esporádicos têm acontecido no centro da Somália desde maio, quando o movimento islâmico tomou a grande cidade de Jowhar, e começou a se expandir para o norte em direção a Puntland, perto da fronteira, que tem fortes laços com a Etiópia e se opõe à difusão de forças islâmicas. Há o medo de que uma guerra na Somália possa levar ao caos generalizado à região. Conversas de paz Várias negociações de paz falharam, tanto com o governo de transição quanto com o movimento islâmico. Ambas as partes trocam acusações sobre quem é culpado pelo impasse. Um acordo de paz arranjado na última sexta-feira entre um poderoso, mas renegado, legislador somali e o movimento islâmico do país foi rejeitado 24 horas depois pela administração interina, sob alegação de que o acordo foi alcançado sem a aprovação do governo de transição. Especialistas alertam que a Somália pode se tornar um campo de batalha entre os vizinhos Etiópia e Eritréia. O primeiro apóia o governo interino, enquanto o segundo dá suporte para os islâmicos. Um relatório confidencial obtido recentemente pela AP dizia que havia entre 6.000 a 8.000 soldados etíopes na Somália ou junto à fronteira. Também dizia que 2.000 soldados da Eritréia estavam dentro de território somali, mas o país nega ter qualquer tropa dentro da Somália. A Somália não tem um governo efetivo desde 1991, quando senhores da guerra depuseram um ditador e, então, colocaram outro no poder. Um governo foi formado com a ajuda da ONU dois anos atrás, mas tem falhado em conseguir qualquer controle real fora da cidade sulista de Baidoa, capital provisória. As cortes islâmicas, enquanto isso, têm se levantado desde junho e agora controlam a maior parte do sul do país.

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