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Militantes palestinos concordam em libertar soldado israelense, afirma Guardian

Além disso, segundo o jornal britânico, os militantes pretendem cancelar os ataques com foguetes contra Israel em troca de um cessar-fogo na ofensiva militar em Gaza

Por Agencia Estado
Atualização:

Militantes palestinos, incluindo membros do Hamas e da Jihad islâmica, teriam concordado em cancelar o lançamento de foguetes contra Israel e libertar um soldado israelense capturado no dia 25 de junho, informou o jornal britânico The Guardian em reportagem publicada em seu site nesta terça-feira. Segundo o diário, o acordo foi mediado pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Fechado neste domingo, o plano propõe que os militantes cancelem os ataques com foguetes contra cidades israelenses em troca de um cessar-fogo na ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza. Além disso, os militantes também soltariam o cabo Gilad Shalit, capturado há um mês, e receberiam em troca a libertação de palestinos presos em Israel - libertação que não ocorreria imediatamente. Segundo um assessor de Abbas ouvido pelo Guardian, todas as facções palestinas são favoráveis à libertação de Shalit para que a violência em Gaza seja sanada. Isso só não teria ocorrido, argumentou a fonte, devido aos obstáculos impostos pelo governo israelense e pela liderança do Hamas na Síria. O ministro do Hamas em Ramallah, Ibrahim al-Naja, afirmou ao jornal israelense Haaretz que a iniciativa tem como objetivo aliviar o sofrimento dos palestinos e que o próximo passo cabe a Israel. Segundo ele, o governo israelense não teria mostrado sinais de que estaria disposto a um cessar-fogo. O cessar-fogo sugerido pelos palestinos ainda não começou, mas houve uma diminuição considerável do número de foguetes lançados contra Israel. No domingo, 16 mísseis Qassam caíram em território israelense, sete na segunda-feira e três na terça-feira, de acordo com dados fornecidos por uma porta-voz do Exército de Israel. Segundo ela, nenhum dos disparos resultou em vítimas. Soldados israelenses se retiraram de todas as áreas da Faixa de Gaza mas ainda disparam projéteis e realizam ataques aéreos na região. Cinco civis, incluindo duas crianças, morreram em virtude de disparos israelenses na segunda-feira. Um conselheiro do ministro da Defesa israelense negou que um acordo tenha sido selado com os palestinos, e acrescentou que "as negociações estão em andamento". Segundo ele, Israel está disposto a libertar prisioneiros palestinos em troca do soldado Shalit mas insiste que a troca não seria simultânea e que a libertação dos presos seria um "gesto de boa vontade" e não uma troca direta. Tal condição teria sido aceita pelo premier palestino, Ismail Haniye, mas não pelo líder do Hamas em Damasco, Khaled Mashaal. O líder do grupo na Síria detém grande influência política pois controla os fundos doados pelo Irã e Arábia Saudita. O braço militar do Hamas, que mantém cativo o soldado israelense, é particularmente dependente do dinheiro controlado por Mashaal, que por sua vez, é influenciado pela Síria. "Parece que a principal preocupação da Síria é quanto à investigação do assassinato do premier libanês Rafik Hariri. Se a Síria tiver garantias de que a investigação não irá continuar, há indícios de que o governo estaria disposto a ser mais útil em muitas questões, não apenas na libertação de soldados israelenses", afirmou o assessor de Abbas. As operações do Hamas em território israelense, que resultaram na morte de dois soldados e na captura de um terceiro, lançaram Gaza em uma grave crise. Israel destruiu grande parte da infra-estrutura da região e matou cerca de 120 palestinos, incluindo 26 crianças. Ainda assim, não conseguiu libertar o soldado. De acordo com o assessor de Abbas, a atenção em relação ao conflito em Gaza foi desviada pelos ataques de Israel contra o Hezbollah. A profundidade da crise no Líbano reduziu as pressões para que Israel adote uma solução mais amena em Gaza.

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