Militar espanhol acusa o governo de desmontar o país

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Um capitão do Exército criticou o governo espanhol pelo que qualificou de concessões excessivas aos nacionalistas catalães - o que, segundo ele, coloca em risco a integridade do país. O capitão Roberto González Calderón manifestou sua inquietação numa carta publicada na edição de hoje do jornal Melilla Hoy. No início do mês, o Ministério da Defesa da Espanha impôs oito dias de prisão domiciliar e decretou a aposentadoria compulsória de um general que defendeu publicamente a intervenção do Exército caso a Constituição espanhola fosse violada com a aprovação, pelo Parlamento, do Estatuto da Catalunha em seu atual formato. Os comentários do general José Mena Aguado, feitos no último dia 6 em Sevilha, causaram comoção entre alguns setores por causa das lembrança do fracassado golpe militar de fevereiro de 1981, três anos depois da restauração da democracia na Espanha. Nesta quarta-feira, o ministro espanhol da Defesa, José Bono, lembrou que a missão dos militares é defender a Espanha de hoje. "A obrigação do Exército não é defender a Espanha do século 15, dos reis católicos, mas a Espanha de hoje, o que significa defender os espanhóis conforme a Constituição vigente e o governo democraticamente eleito", disse Bono, durante visita às Ilhas Canárias. Mariano Rajoy, líder do oposicionista Partido Popular, observou que "muita gente está preocupada e que o governo precisa explicar o que está acontecendo, porque essas coisas começam a causar preocupação". Depois dos comentários de Aguado, funcionários do governo chefiado pelo primeiro-ministro socialista José Luis Rodríguez Zapatero disseram que o comando militar foi consultado e chegou-se à conclusão de que se tratava de um caso isolado e que não havia inquietação nos quartéis. González Calderón desmentiu essa percepção. "Senhor presidente de governo, o que seus assessores lhe disseram não é verdade, assim como as interpretações feitas. É claro que existe mal-estar dentro e fora das forças armadas. Não poderia ser de outra forma. Mal-estar por ver nossa Espanha ser desmembrada", escreveu. Segundo ele, o sistema instalado há 25 anos na Espanha de conceder cada vez mais autonomia a regiões como a Catalunha e o País Basco produziu "uma geração de espanhóis que não reconhece a Espanha como sua pátria".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.